Portugal tem Governo desgovernado e está necessitado de Oposição e de alternativa devidamente governada.
Trata-se de um exercício político de enorme relevância para a nossa democracia de quase 50 anos: um Governo que governe e uma Oposição bem governada que se constitua como alternativa. Todos caminhando pela mudança radical de abordagem à gestão de Portugal, arrumando o radicalismo conservador e paralisante com que a Esquerda vai desgovernando Portugal.
No último fim de semana vivemos o congresso da Iniciativa Liberal, um fenómeno novo da política portuguesa que vem caminhando pela propositura de uma mudança radical de abordagem à gestão de Portugal, moderada e clara, mas que manifestou com forte evidência a sua imaturidade e o radicalismo contraditório das suas fações, incapaz de ser a alternativa que os tempos de hoje tanto necessitam.
Afinal, os animados congressos do Chega, de um radicalismo excessivo e uma personificação absoluta, são acompanhados à Direita por outros congressos animados e radicais, da Iniciativa Liberal, alimentando a agitação perturbada e gritante dos partidos do centro-direita da política portuguesa, numa altura em que ser Oposição, com qualidade e estratégia, ao perdido Governo do PS e de Portugal, é a emergência nacional que a todos os que integram a Oposição deve mobilizar.
Não, não é essa a atitude que vemos. Não é essa a opção que se nos apresenta.
É a gritaria de quem luta por falar mais alto, num exercício pobre que a Iniciativa Liberal se vai debatendo com o Chega, enredando o PSD que ainda não se conseguiu libertar dessa teia de "dupla aranha" e liderar a Oposição, como Portugal tanto precisa, embora consiga fazer esquecer o CDS que se vai afundando com uma liderança na qual muitos depositaram esperança e expectativa, de energia e determinação, que continua a não aparecer.
Como a TAP, voando numa complexa teia de privilégios desenquadrados do seu Portugal, consumindo recursos públicos sem fim, de privatização em nacionalização, de greve em indemnização absurda, a Oposição ao Governo do PS voa numa disputa que não mobiliza nem se fortalece, que consome recursos sem cuidar de aterrar numa plataforma consistente que seja Oposição forte e alternativa credível.
O apelo ao PS é e tem de ser cada vez mais forte: seja Governo e governe mesmo.
O apelo ao PSD é e tem de ser cada vez mais forte: seja Oposição forte e alternativa credível. Seja consequente na sua capacitação rumo à liderança da Oposição e à construção de uma alternativa mobilizadora do Portugal cada vez mais descrente e dependente dos apoios de um Governo viciado em impostos e em políticas de gestão do dia a dia, sem rasgo, sem capacidade reformista.
Portugal está em estado de necessidade de um Governo e de uma alternativa com capacidade, coragem, saudável e verdadeiramente radicais na capacidade de mobilizar a atenção, o mérito, a vontade e a energia positiva da mudança necessária em Portugal, para muito mais e melhor para os portugueses.
Presidente da Câmara Municipal de Aveiro
