Em tempo de guerra não se limpam armas, mas a verdade é que também na "guerra" dos negócios não se pode desperdiçar nenhuma das armas que temos à nossa disposição.
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"Amor em tempo de guerra" é o nome de um filme famoso e não creio que alguém tenha rodado outro com o título "Negócios em tempo de guerra". Seja como for, aquilo a que estou a assistir em Frankfurt, desde ontem, na Heimtextil (a maior feira de têxteis-lar do Mundo), podia muito bem dar um filme com esse título.
A Heimtextil, como sempre a conhecemos, não existiu nos dois últimos anos e todos tinham uma enorme expectativa sobre como iria ser em termos de expositores e como iria correr em termos de visitantes e negócios, neste seu regresso em 2023. Esta é uma feira em tempo de guerra. Embora especializada nos têxteis-lar, sendo a primeira grande feira mundial do ano, está a ser olhada com muita curiosidade pelos empresários e agentes de negócios do resto do setor têxtil, mas também de outros setores.
A primeira conclusão que já é possível tirar é que estão a ser feitos e congeminados autênticos negócios em tempos de guerra. Desde logo porque eles estão a acontecer enquanto a guerra da Ucrânia continua imparável, mas também porque estão a acontecer num contexto de enorme incerteza que não permitem que eles fluam tão normalmente como era habitual.
Esta constatação será certamente evidente para o novo secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, bem como para o presidente da Câmara de Guimarães (cidade capital do têxtil-lar), que hoje visitam durante todo o dia os 67 stands portugueses presentes na feira.
De qualquer modo, a primeira constatação que foi possível retirar ab initio é a de que mais uma vez os nossos empresários e industriais têxteis não se deixaram atemorizar pelas dificuldades inerentes à incerteza que os rodeia. Se em 2020 tinham sido 77 as empresas presentes, agora são apenas menos 10, mas há que salientar que nesses menos 10 não está nenhuma das maiores e mais representativas indústrias dos têxteis-lar. Mas essa resiliência não é só um número, nem se esgota na quantidade das empresas aderentes. Está também muito patente na qualidade e criatividade dos produtos apresentados, bem como no cuidado e excelência dos stands em que investiram.
Sem esquecer a aposta crescente na sustentabilidade, cujo expoente é o stand do Green Circle, onde os produtos mais inovadores e sustentáveis das nossas empresas estão expostos num showcase organizado pelo Citeve em parceria com a Associação Selectiva Moda e o apoio do Compete e ainda do Portugal 2020.
* Empresário