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Rui Rio tem razão. Para haver "rentrées" tem de haver "sorties" e só Santana Lopes saiu do PSD mas ainda não entrou verdadeiramente em lado nenhum.
O resto, como diz o presidente da República, está prisioneiro da continuidade noticiosa que a mediocracia lhes impõe e que já não depende do emissor. Rui Rio não falou durante um mês e foi notícia continuada por não ter falado.
Dito isto, é muito difícil impor uma mensagem que cheire a novo, como os livros e as pastas do regresso às aulas.
Ora, sem o recurso à novidade, o importante é ser claro. Onde estamos, o que queremos e o que vamos fazer a seguir. Tudo a poder resumir-se em poucas palavras/ ideias.
Costa fê-lo. Os outros ainda não. O país tem bons indicadores, queremos continuar a governar para poder continuar a garantir bons números. Mais coisa menos coisa.
O contrário, por exemplo, da enorme lista líquida que enche a pipa de reivindicações de Catarina Martins.
Veremos se Rio faz uma coisa ou outra no discurso de Portalegre.
Já o CDS de Assunção Cristas parece pecar pelo oposto. Ou seja agarra-se obstinado a um tema - o estado da ferrovia - sem perceber que o comboio já partiu.
Desde que a Renfe nos empreste comboios e as linhas funcionem, ninguém consegue capitalizar sobre uma má gestão tão endémica como inexplicável com responsabilidades políticas tão alargadas que nem o PCP ilibam.
Por onde anda a Direita em Portugal? Que combates se propõe travar?
Quem são, afinal, as tartarugas que, como na fábula de La Fontaine, se propõem ultrapassar António Costa? O avanço que leva é considerável, com ajuda não despicienda da superlebre Marcelo Rebelo de Sousa. E António Costa não é dos que se põem a dormir, mas precisa de ser surpreendido.
As eleições europeias, os megaprocessos judiciais que vão começar julgamento, a correlação de forças S. Bento - Belém a propósito do procurador-geral da República podem fornecer o combustível necessário.
Ou será Santana Lopes a terceira lebre?
*ANALISTA FINANCEIRA