A etiquetagem "respeitador do ambiente", "eco" ou "verde" tornou-se quase uma moda que responde a um desejo dos consumidores, mas que nem sempre se baseia numa prova consistente. Chama-se "greenwashing", esta prática de dar um banho de verde a produtos ou serviços que de verde têm pouco e depois se revelam não sustentáveis e até piores do que as alternativas.
Corpo do artigo
Para pôr fim a estas práticas desleais e abusivas, a Comissão Europeia anunciou na semana passada várias medidas. Elas visam aumentar a educação e a informação disponível para os consumidores e impõem algumas obrigações a produtores e prestadores de serviços, proibindo o uso de referências ambientais genéricas e vagas, sempre que não seja possível demonstrar o excelente desempenho ambiental do produto ou do profissional.
Visa-se igualmente combater a chamada obsolescência programada, a qual existe quando um produto vem desenhado de forma a que a sua vida útil seja limitada, obrigando-nos a comprar um novo para as mesmas funcionalidades.
Para além disso, é preciso incentivar a produção mais sustentável e, para isso, a Comissão desenhou um outro conjunto de medidas. A proposta de Regulamento Conceção Ecológica de Produtos Sustentáveis pretende que os produtos sejam mais duradouros, fiáveis, reutilizáveis, atualizáveis, reparáveis, fáceis de manter, de reciclar e mais eficientes energeticamente. Afinal, como refere a Comissão, é na fase de produção que se decide 80% do impacto ecológico dos produtos. Uma ideia muito interessante aqui presente é a da criação de passaportes digitais para os produtos, de modo a facilitar a sua reparação, reciclagem e o rastreio dos seus componentes.
Finalmente, há também medidas setoriais neste pacote. Um bom exemplo é o do setor dos têxteis, cujo consumo na Europa ocupa o 4.º lugar em termos de impacto ambiental e climático. O objetivo é limitar a chamada fast fashion, almejando-se que, até 2030, os produtos têxteis colocados no mercado da UE sejam mais duradouros e recicláveis, fabricados tanto quanto possível a partir de fibras recicladas, livres de substâncias perigosas e produzidos no respeito dos direitos sociais e do ambiente.
Há muitas medidas de alto nível que estão a ser tomadas em matéria de transição climática, nomeadamente em matéria de energia. Mas se não lhes acrescentarmos outras, como estas, que tocam nos hábitos correntes de produção e de consumo dificilmente conseguiremos tornar o planeta onde vivemos realmente mais verde e sustentável.
Eurodeputada do PS