Esta última semana, tivemos mais um exemplo daquilo em que a ditadura histérica do política e sanitariamente correto pode vir a transformar a nossa existência. Não é preciso repetir que o cancro, ou os vários tipos de cancro, é hoje em dia uma das principais causas de morte. Mas também todos percebemos que uma das razões para a escalada desta percentagem tem muito a ver com o aumento médio da nossa longevidade.
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Se como diz o povo há males que vêm por bem, também não deixa de ser verdade que há alguns bens que arrastam males consigo. É o caso deste "bem" que consiste no grande aumento da nossa esperança média de vida nos últimos anos, que também nos veio confrontar com um número diferente dos vários tipos de causas de morte.
Estando por descobrir a questão da nossa imortalidade física, fica assente que, como disse de uma forma imortal a Lili Caneças, "estar vivo é o contrário de estar morto". Isto dito e redito, o facto de estar vivo ou viver coabita com uma série de riscos com que todos, mais ao menos conscientemente, nos temos de habituar a conviver. A evolução da ciência (e muito bem) tem conseguido fazer luz sobre alguns dos principais riscos inerentes a diferentes modos de vida ou de viver a vida. Feitos os avisos, a escolha dos riscos a correr compete a cada ser humano. Só para dar alguns exemplos, quem decide ir fazer alpinismo para os Himalaias, mergulhar num lago de tubarões, fazer a VCI a 200 km/hora, ir visitar parentes a Donetsk nos dias que correm ou ir acampar para perto de um vulcão em ebulição, está a correr mais riscos do que aqueles que uma pessoa normal está disposta a correr.
Tenho para mim que um cidadão informado tem mais competência na hora de escolher este tipo de riscos que arrisca escolher em prol da sua felicidade. Mas não posso deixar de protestar quando algumas entidades como o Parlamento Europeu pretendem ser mais papistas que o Papa, optando por caminhos de histerismo que em nada as dignificam e nós bem dispensamos. A proposta que o Parlamento Europeu discutiu, e em boa hora chumbou, de tornar obrigatória a inclusão de um aviso de perigo de cancro nos rótulos das garrafas de vinho insere-se neste tipo de histerismo. Espero que não esteja sozinho na hora de aplaudir este chumbo. Caso contrário, o Mundo está muito pior do que eu imagino.
*Empresário