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Independentemente das cores partidárias, iniciativas como a missão humanitária da Flotilla Global Sumud, que partiu ao final da tarde de segunda-feira de Barcelona rumo à Faixa de Gaza, tendo como tripulantes portugueses a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício, são de enaltecer.
Sim, porque a indignação dos cidadãos do mundo ocidental perante o massacre e o genocídio que estão a acontecer à nossa frente não está a fazer o barulho necessário.
E os nossos olhos também estão a cegar, com jornalistas a serem calados pelo regime israelita, assassinados. Já morreram 232 desde outubro de 2023.
Portanto, esta viagem de 19 barcos que vai tentar levar apoio humanitário à Faixa de Gaza é precisa. Esta, as três anteriores que foram intercetadas pelas forças israelitas e todas as que se seguirem.
Até porque ainda há países, como Portugal, presos à vergonha de reconhecer o Estado da Palestina. Se continuarem assim, quando despertarem apenas irão legitimar o "resort" macabro de Netanyahu.
Criticar uma viagem arriscada para dar voz a quem não a tem, criticar quem prefere estar no terreno em vez de se revoltar no conforto do sofá é confundir comodismo com coragem.
O mesmo vale para os estados. Reconhecer a Palestina não é apenas um gesto político, é um imperativo humano. Porque cada adiamento, cada cálculo diplomático custa mais vidas. No fim, ficam as escolhas de cada um. Ou se age ou se cala. Mas o silêncio, neste caso, não é neutro. É cúmplice.