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Os últimos meses têm sido recheados de confirmações aterradoras em matéria de aumento da temperatura do planeta. No início de julho, a Agência dos Estados Unidos da América para a Atmosfera e os Oceanos revelou que o dia 4 de julho de 2023 foi o mais quente de que há registo: 17,18ºC de temperatura média, batendo o anterior recorde diário de 16,92ºC, a 13 de agosto de 2016.
Esta semana foi o serviço europeu Copernicus a revelar que julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra. O mês passado, marcado por ondas de calor e incêndios em todo o Mundo, foi 0,33ºC mais quente do que o mês que detinha o recorde até agora (julho de 2019, quando se registou uma média de 16,63°C).
Os resultados deste aquecimento global estão à vista e só não vê quem não quer. Os incêndios são cada vez mais violentos e devastadores - o fumo dos fogos do Canadá chegou à Europa e a qualidade do ar tem-se degradado -, há mais populações a terem de ser retiradas das suas casas devido aos fogos, a temperatura dos oceanos sobe para níveis sem precedentes e as camadas de gelo da Gronelândia e da Antártida estão a perder-se ano após ano.
Com todos estes impactos, não é difícil de perceber que várias espécies caminham para a extinção e muitas zonas do planeta passarão a ser inabitáveis. Os migrantes climáticos hão de aumentar e as tensões planetárias agravar-se. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já disse que a Humanidade deixou para trás a era do aquecimento global para entrar na da “ebulição global”. Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, diz que “a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa é mais urgente do que nunca”. O clima extremo que afetou muitos milhões de pessoas no último mês é “uma amostra do futuro”, avisou. E isso devia assustar-nos a todos.
Perante tantos e tamanhos alertas, para mim são verdadeiras chapadas, esperava-se que os políticos de todo o Mundo percebessem e tomassem medidas. Drásticas e que impliquem ganhar menos dinheiro, reduzindo a exploração dos combustíveis fósseis, e gastar mais com a preservação do planeta. Por esta razão, é incompreensível que os oito países que integram o Tratado de Cooperação Amazónica, reunidos esta semana no Brasil, tenham sido incapazes de se comprometer com a redução de exploração de petróleo na Amazónia, uma ambição da Colômbia e do Equador e que não teve o aval do Brasil. De que precisam mais para tomar decisões drásticas?
*Editora de Nacional