Um dia destes estava a tomar um café na zona nobre de Leça da Palmeira, junto ao "bairro dos pobres", quando quase me assustei com o tom exaltado da conversa de um casal que se indignava por ter nascido num país pobre cheio de casas e carros de luxo.
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"É um mistério", dizia a jovem. O rapaz, cabeça acima e abaixo, sublinhava estar de acordo, para logo a seguir trocar o movimento do pescoço para esquerda-direita, sinal global de reprovação.
Portugal está, de facto, na cauda, ou perto dela, em muitos indicadores. E ninguém fica feliz com isso. Não sei se há assim tantas mansões e Ferraris, mas um relatório da União Europeia, conhecido a meio da semana, pode ajudar a explicar o mistério a que se referia a rapariga: Portugal foi, entre 2001 e 2016, o terceiro país europeu que mais riqueza colocou em "offshores". Não me parece uma infeliz coincidência...
Jornalista