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Joe Berardo teve muitos motivos para rir nos últimos anos. Logrou montar um esquema de empréstimos bancários que ficaram por pagar na ordem dos mil milhões de euros - isto sim é tirar dinheiro com as duas mãos - dando como garantia as obras de arte que nunca pretendeu entregar em caso de incumprimento. Mudou estatutos, inventou uma ação em tribunal para que as obras da sua valiosa coleção privada não pagassem as dívidas, mantendo os credores a léguas e com isso foi vivendo à custa dos demais. Tudo isto é no que acredita o Ministério Público, que o acusa agora de burla. Tantos anos depois daquela gargalhada desafiadora. Berardo faz-me lembrar o "Nosferatu", de Murnau, embora eu simpatize com este último. Será uma espécie de vampiro sedento, pairando sobre uma cúpula de poder que nunca ousou questioná-lo.