Há dias, a Inês falou-me da viagem à Albânia. Águas de azul profundo e limpo, bonecos em forma de urso por toda a parte. Retive uma imagem, a do menino de sete anos que lhe serviu o jantar num restaurante. Trabalho infantil também não falta na Albânia. Lembrei-me disto por causa do aumento dos abonos. Claro que seria um disparate comparar os dois países. Felizmente, levamos um grande avanço nesta matéria. Mas acreditar que 50 euros por mês ajudam a combater a pobreza e a desigualdade entre as crianças em pobreza extrema parece-me anedótico. O Governo defende que este é, juntamente com as creches gratuitas, o maior apoio de sempre às famílias, mas 50 euros voam no supermercado e não estou a ver como ajudam os mais carenciados a ter melhor educação, etc., etc. Para romper com o ciclo da pobreza não basta atirar uma moeda de um euro (alguns aumentos são desta grandeza) à espera que a fonte dê sorte. A pobreza não se apaga com uma primeira demão. Tem razão o padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti-Pobreza. Reivindica um trabalho próximo para que as famílias sejam reeducadas, de forma a conquistarem a sua autonomia financeira.
*Jornalista

