1. Bazucas e metralhadoras. É recorrente, em campanha eleitoral, o uso abusivo de metáforas guerreiras. Desta vez, no entanto, bateram-se todos os recordes.
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Quem deu o tiro de partida foi o secretário-geral (e primeiro-ministro) do PS, António Costa, que distribuiu tiros de bazuca europeia em todos os comícios. E, para o caso das audiências televisivas estarem distraídas, lembrou que há autarcas que têm unhas para tocar guitarra (os socialistas) e os que não (todos os outros). Enredado nas metáforas, Rui Rio explicou que, afinal, não é bazuca, é metralhadora, concretamente do modelo HK21. Cujo funcionamento explicou detalhadamente. Como dizia o personagem do Herman, não havia necessidade.
2. Liderança de Rio no PSD. É o eterno paradoxo das autárquicas: são 308 eleições municipais (e mais uns milhares de escolhas para as freguesias), mas parecem contar mais as consequências nacionais e os dilemas dos líderes. O próprio Rio não resistiu, nos últimos dias, a fazer desse um dos temas da campanha. Perguntaram-lhe, tinha de responder. E a fasquia ficou um pouco mais clara: o PSD terá de fazer melhor (e não chega um bocadinho melhor) do que em 2013 para que o líder atual sinta o apelo de se recandidatar em janeiro. Ninguém o admitirá, mas já haverá vários putativos substitutos a rezar para que, já agora, seja por "poucochinho".
3. Câmaras de Coimbra e Almada. São as duas únicas grandes autarquias do país em que se adivinha um resultado renhido e, porventura, uma mudança de cor. E ambas deverão ser cruciais para apurar vencedores e vencidos destas eleições, sobretudo para PCP e PSD. No caso dos primeiros, reconquistar ou não Almada pode bem ser a diferença entre a festa e o funeral. No caso dos segundos, pode ser o prego definitivo no caixão de Rui Rio, ou o raio de esperança na renovação da liderança. Se o PS perder ambas, não mata, mas talvez moa. A importância de Coimbra ficou bem patente na descarada propaganda dos últimos dias. O PSD com a proposta de levar dois tribunais superiores de Lisboa para Coimbra (não está em causa o mérito, mas o tempo). O PS com a promessa de uma nova maternidade. Talvez merecessem ambos castigo, mas na verdade quem tem de se pronunciar é a população de Coimbra.
*Diretor-adjunto