1- Notas de cinco. Não de cinco euros, mas de cinco linhas. Uma homenagem à síntese, à clareza das ideias. Um esforço para ver se é possível "ir ao ponto" em cinco linhas. Uma hipótese para o limite dos parágrafos nos discursos. Uma tentativa de acordar o Portugal de férias, sonolento, depois da modorra cerimonial do 10 de Junho. Mesmo que o Sr. PR tenha tentado ajudar, contrapondo o "fanico" ao consenso!
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2 - Não consegui perceber bem o discurso presidencial. Mas não me lembro de ter ouvido falar da Língua. Sei que o 10 de Junho deixou, e bem, de ser o dia da Raça. Mas devia continuar a ser o dia de Portugal e da Língua Portuguesa. Afinal continua a ser celebrado no dia em que Camões morreu (com a pátria). Não sei porquê isto veio-me à memória agora que ouvi falar de mais um Filipe do lado de lá da fronteira.
3 - É que a Cimeira da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) vai realizar-se pela primeira vez em Timor-Leste (em julho). E é tal a importância desta viragem a Oriente que até a Indonésia pediu para participar como país observador. Depois da Índia e do Japão (para além da Guiné-Equatorial) terem demonstrado interesse em aderir. Será que vamos deixar encobrir esta importantíssima ocasião pelo futebol?
4 - Tem graça como da riqueza da Língua ninguém fala. Mas todo o dia nos martelaram com o facto de negócios ilícitos como a droga ou a prostituição passarem a contar para o PIB. E mais, que este acréscimo nos vai beneficiar. Não era de ir para a rua gritar que não, muito obrigada! Que devia ser o contrário. Que os valores encontrados deviam ser deduzidos ao PIB como penalização por não os conseguirmos evitar?
5 - É claro que não ajuda ficarmos a saber que afinal precisamos de subtrair ao orçamento mais sete mil milhões de euros até 2019. Com perspetivas destas (anunciadas pelo Banco de Portugal) não vale a pena prescindirmos do último cheque europeu. Vamos cortar e vamos. O Sr. Rehn e Cª podem ficar descansados. É só ver se o Governo perde a vergonha e deixa de "fazer a parte" com o Tribunal Constitucional.
6 - Vale-nos a sensibilidade do nosso Ministério das Finanças (MF) para conseguir colocar dívida a preços razoáveis. Herança de Vítor Gaspar, o MF (através do IGCP) não falha e sempre que os juros se distraem da real situação do país, lá entram mais uns milhões. Esperamos todos que sejam apenas para refinanciar dívida já caducada e que não temos como resgatar. E não para aumentar o endividamento líquido do país.
7 - E a real situação do país conta com a oposição em banho-maria. António José Seguro não parece perceber que já saiu pela porta pequena e que se arrisca a ver sair pela porta grande os apoios que, se tivesse tido a coragem de convocar o congresso extraordinário, talvez se lhe tivessem mantido fiéis. Assim, imortalizou as primárias de Marcelo Rebelo de Sousa e os seus eleitores PSD - de óculos escuros.
8 - Mas António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, também não esteve bem. Que sentido faz deixar acontecer em plenas Festas da Cidade uma greve tão danosa como a da recolha do lixo? Claro que teve de ceder de repente a reivindicações tão difíceis e onerosas como a de contratar mais 150 funcionários para esta atividade. Não serão para o quadro permanente, espero. Mas mesmo assim!
9 - Faz lembrar a greve da famosa revolta de Saltillo. No Mundial do México. Pelo menos neste campo, parece que temos uma seleção muito mais profissional e organizada. Mas era bom não esquecer que foram 23 os convocados. Por mais que defenda Cristiano Ronaldo já não posso suportar a confusão entre a seleção e o famoso CR7. Confesso que é caso para os outros 22 fazerem greve!
10 - Ficam as últimas cinco linhas para um convite. Visite a Fábrica da Oliva, agora transformada em pujante centro cultural e não deixe de visitar a extraordinária exposição de Arte Bruta, única na Península Ibérica e uma das únicas na Europa. Verão como há um mundo estranho, paralelo, exótico e singular que pode ser uma lufada de ar fresco, um universo muito mais coerente do que este nosso periclitante dia a dia.