<p>Sexta (1) - Espera-se que o leitor possa estar contente - mesmo delirante - com a Selecção Nacional de Futebol, quando consultar esta crónica. Escrita ingratamente na véspera, podia vaticinar uma vitória portuguesa, baseada apenas nos factos observáveis. Que factos? A qualidade do jogo, a qualidade dos jogadores, a qualidade da táctica, a qualidade da estratégia.</p>
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No grande desígnio de Scolari (vão ver que ficarão saudades, apesar de tudo), o único ponto fraco pareceu ser a lamúria a seguir à derrota (certamente injusta, mas conforme às regras do jogo) frente à Suíça. Foi, aliás, mais desculpa dos jogadores do que do treinador.
Muitos portugueses, fora do futebol, também gostam de encontrar culpados para as suas desgraças, mas convém sempre olhar ao espelho: não foi o 25 de Abril que inaugurou a "autocrítica revolucionária"?
Sexta (2) - Se, por erros nossos, ou má fortuna, a vitória for alemã, não chore. Apetecerá, mas não chore. A pátria, apesar dos maus-tratos contínuos, continua.
Quinta - A Suécia, habitualmente liberalíssima, civilizada e civil, tem terror ao terror. Acaba de apoiar, por uma maioria escassa no Parlamento, poderes de intercepção de comunicações internacionais, sem autorização judicial prévia. A capacidade fica no Säpo, o serviço de segurança policial. Um amigo letrado explica-me que, no desenrolar do processo, haverá sempre a voz de um juiz, embora não na fase de iniciativa. E acrescenta-me que o maior problema será o de distinguir entre mensagens "internas" e "externas", dado que muito trânsito comunicativo sueco passa por servidores internacionais. Cabe agora a palavra aos "freios e contrapesos" do sistema constitucional. A seguir, pelo menos, até à próxima bomba.
Quinta (2) - Com ares juvenis de rainha de beleza, era um soldado excepcional. Morreu no pantanal afegão. Chamava-se Sarah Bryant, cabo exemplar do exército britânico. O viúvo, calmamente, explica que a mulher partiu como uma heroína. O que vale a pena, nesta guerra? Quando acaba? Quando começou? Retirar depressa e em força honra ou torna inútil o sacrifício dos Bryant? Não há resposta fácil.Quarta - Algumas figuras do PSD acusam Manuela Ferreira Leite de não ganhar votos junto dos funcionários públicos, de querer recriar o bloco central, de, no fundo, ser uma candidata da acomodação, e não da ruptura. Mas como é que a "acomodada" causa tanto receio ao presente "sistema"?
Terça (1) - Barack Obama tem 20 nomes de vice-presidenciáveis: senadores, governadores, celebridades, generais. Os rumores indicam que Hillary Clinton se faz cara, mas que Al Gore compensa. E Obama já começa a pressentir que, faça o que fizer, há um desejo - talvez cego - de "mudança", nos chamados "estados balouçantes". Estes foram aqueles onde o partido republicano ganhou por maiorias esquálidas.
Este desejo de "tábua rasa" levou ao Poder, a seguir aos trambolhões (metafóricos) de Nixon e (literais) Gerald Ford, um engenheiro naval, plantador de amendoins, moralista e liberal, James "Jimmy" Earl Carter. O que se seguiu não foi bonito.
Mas a História nem sempre se repete.
Segunda - Sarkozy lançou uma grande discussão sobre o futuro das forças armadas: em França e no Ocidente. Quer unidades mais pequenas, mais disponíveis, mais adaptadas ao que nos aparece como possível, e como provável. Falta agora o debate, mas a presidência do marido da modelo já calou muitos críticos. E fez nascer outros.