Novo ano letivo: entre as dificuldades e a esperança
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Setembro traz consigo a sensação de um recomeço melhor. Opino que cada ano letivo é o mais poderoso sinal de um futuro promissor: milhares de crianças e jovens enchem as escolas, professores retomam a missão de ensinar e as famílias renovam expetativas. É um tempo de esperança, embora ensombrado pelos diversos (antigos) constrangimentos que assumem relevância efetiva e mediática.
Não podemos escamotear a realidade: a escassez de professores é factual, e não desaparecerá sem medidas promotoras da dignificação e valorização da carreira docente. Muitos alunos começarão o ano sem docentes em algumas disciplinas, inaceitável numa sociedade que define a educação como prioridade. Precisamos de medidas estruturais que devolvam atratividade à profissão docente - não apenas salários dignos, mas condições de trabalho que permitam ensinar com entusiasmo e tempo para pensar a escola. Não tenho dúvidas: os pilares que sustentam a escola pública são os profissionais que nela trabalham.
A grande novidade do ano letivo refere-se à proibição do uso dos smartphones nos espaços escolares (1.° e 2.° ciclos), mormente na operacionalização deste objetivo do MECI, atribuída à autonomia das escolas, que deverão envolver toda a comunidade educativa na tomada de decisões. Considero que os órgãos de gestão e administração das escolas optarão por alargar a medida proibitiva ao 3.° Ciclo, pois a dinâmica organizacional aconselha aplicar a norma a todos os discentes, poupando à tarefa de "policiamento" os poucos funcionários das escolas.
Importa alargar o debate da utilização deste aparelho à sociedade, pois aí é excessivamente usado por todos, incluindo crianças pequenas e jovens, querendo alguns diabolizá-lo... somente na escola. A pergunta impõe-se: quantas horas passam os mais novos agarrados ao ecrã ao longo do dia - fora e dentro de casa, nas suas camas, quando supostamente deveriam estar já a descansar? Alguns chegam sonolentos à sala de aula não rendendo ao nível do seu potencial.
Estou ciente dos problemas emergentes na escola (projeto coletivo de excelência), convicto da credibilidade da Escola Pública e de todos os seus profissionais, também da felicidade dos seus alunos num local seguro e que estimam.
Excelente ano letivo! Que propicie novas vivências e aprendizagens motivantes, ancoradas no aumento de investimento na Educação, o baluarte de qualquer Estado Democrático.