
Corpo do artigo
Há vitórias que são mais do que goleadas. O 9-1 diante da Arménia, no Estádio do Dragão, foi um desses jogos em que o marcador se transforma em metáfora: exuberância, talento e convicção. Portugal carimbou o passaporte para o Mundial-2026 e, com ele, reforçou a esperança de que este grupo pode sonhar alto.
A seleção quer, sem disfarces, ser candidata ao título. E tem razões para isso. O nosso futebol nasce de uma matriz sólida: o trabalho silencioso das associações distritais e regionais, das associações de classe, dos clubes, dos treinadores e dirigentes que, longe dos holofotes, cultivaram as bases do que agora floresce nos grandes palcos. Cada golo é, pois, também o reflexo de anos de investimento em relvados sintéticos, centros de treino, programas de formação e acompanhamento humano.
Mas o sucesso não pode ser apenas celebrado, deve ser sustentado. É essa a consciência que transpira das últimas decisões da Federação Portuguesa de Futebol, cuja Assembleia Geral, recorde-se, aprovou, por unanimidade, o Relatório de Atividades e Contas de 2024/2025. Um gesto que traduz confiança, mas também responsabilidade. Dessa reunião saiu da parte do presidente da FPF, Pedro Proença, um compromisso claro: repensar o modelo de financiamento do futebol português. Foi para isso criada uma task force que reúne associações distritais e regionais, Liga Portugal e associações de classe.
Não basta distribuir verbas, é preciso garantir que cada euro investido responde às reais necessidades de quem faz o futebol viver. Hoje, parte significativa das receitas da FPF apoia clubes e estruturas locais, mas a ambição é ir mais longe. Reforçar o financiamento, equilibrar os apoios, incentivar o investimento e atrair novos parceiros será determinante para que Portugal mantenha o estatuto de potência emergente do futebol mundial.
Ao olhar para o futuro, a Seleção nacional é símbolo e inspiração. O talento que deslumbra nos relvados nasce da base e é aí que o país deve continuar a construir. O Mundial será o palco da ambição, mas o seu verdadeiro alicerce continua a ser o trabalho de quem, em campos anónimos, sonha que um dia o seu jogador vestirá a camisola das quinas. É esse o futebol que queremos.
