O ano de 2015 marcou o início da famosa geringonça. Desde aquela época até hoje, ao contrário do que tentaram fazer parecer, a geringonça não escolheu o país e os portugueses primeiro.
Porquê? Porque a razão da existência da geringonça deveu-se exclusivamente à sede de poder do Partido Socialista e ao ódio da Esquerda a Pedro Passos Coelho e ao seu Governo. Na altura, no desígnio de conseguir um mínimo de estabilidade política à experiência da geringonça, o presidente da República, professor Cavaco Silva, exigiu a assinatura de acordos escritos entre os partidos da geringonça PS, PCP e BE.
O Governo PS (2015-2019) decorreu praticamente sem surpresas. Foi um Governo revanchista, serviu para reverter todas as políticas públicas e reformas introduzidas pelo Governo anterior - recorde-se, por exemplo, a reversão da privatização da TAP e os custos que acarreta hoje para os bolsos dos contribuintes portugueses. Foram quatro anos de gestão do status quo, quatro anos de Orçamentos do Estado (OE) aprovados à Esquerda, e cuja execução se provou ter ficado refém das cativações no investimento e aumentando a despesa corrente. Com uma conjuntura internacional favorável à recuperação económica, foram quatro anos sem ambição no futuro.
Em 2019, o resultado das legislativas volta a confirmar um PS refém da extrema-esquerda. A geringonça mantém-se, mas desta vez com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa ao leme da Presidência da República. Não houve acordos escritos. Chegados a 2021, depois de vários avisos e perante a realidade dos recursos serem finitos, a geringonça não resistiu e esta semana vimos o OE rejeitado. O Parlamento não teria de aprovar um Orçamento que é mau. Mas as motivações que levaram PCP e BE a votarem contra são muito diferentes das do PSD. Mais uma vez, prevaleceram os interesses partidários. Portugal e os portugueses voltaram a ser desconsiderados.
Possivelmente, tudo indica que o país se prepara para eleições antecipadas. A decisão está nas mãos do presidente da República. E uma qualquer ressurreição da geringonça num futuro próximo será uma traição ao respeito que os partidos políticos devem aos seus eleitores. Esta semana ficou claro que a geringonça se esgotou e nada mais tem para oferecer.
É um tempo político de grande incerteza e mudança. O país merece um novo capítulo, mas não será certamente com PS, PCP ou BE. Precisamos de um Governo com uma agenda reformista, que permita a economia respirar, criar emprego e riqueza.
Eurodeputada do PSD
