Corpo do artigo
Potenciar a discussão sobre os temas da segurança e imigração, interligando ambos, pela sua sensibilidade, produz instabilidade e conflito social. Por muito que se tente explicar que é profundamente errado, continuamos a assistir permanentemente a todo o tipo de comentário público. Confundir e misturar estas questões eminentemente delicadas será sempre contraproducente, admitindo-se, ainda assim, uma análise responsável, autónoma, serena e efetuada longe da praça pública.
Todos percebemos, em extremos opostos e ideologicamente distintos, por vezes com posições radicais, que misturar os temas alimenta o populismo e as pretensões de alguns setores políticos, o que em democracia, com a legitimidade de se discordar, é perfeitamente admissível.
No entanto, já será mais difícil aceitar que essa amálgama de temas seja perpetrada por altos responsáveis da Administração Pública.
Não se entende como razoável que o DN da PJ apresente, em conferência pública, ainda que se admita como bem-intencionado, um conjunto de resultados, visando determinar que tipo de reclusos, em função da sua nacionalidade, diferenciando inclusive uns dos outros e dos próprios portugueses, apresentaria o maior número de incidência no nosso sistema prisional. Não se entende se a conclusão pretendeu determinar que esses cidadãos, especificamente apontados, são menos criminosos que os portugueses, ou se pretendia, nessa linha racional, referir que o cidadão nacional é mais propenso ao crime. É por este tipo de hipótese de conclusão, que se aproveita posteriormente para discursos radicais, que se deve evitar este debate mediático.
“Números são números”, como o próprio refere, mas não havia necessidade!