Os casos de Boaventura Sousa Santos e de Neymar são dois bons exemplos (mas maus), a lembrar-nos que nunca devemos julgar um livro pela capa.
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Tirando esta coincidência, estes dois casos nada mais têm em comum, como é evidente. Tirando talvez a questão do mau gosto.
No caso do famoso jogador brasileiro do Paris Saint-Germain, que se filmou a perder supostamente um milhão de euros em apostas online (afinal, era apenas uma operação de marketing), podemos falar de uma brincadeira de mau gosto. Já no escândalo à volta do responsável emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, mantém-se o mau gosto, mas já não estamos a falar de brincadeira nenhuma, embora ainda ninguém saiba ao certo o que se terá passado em concreto.
Vale a pena atentar precisamente no que não têm em comum. Enquanto, no caso de Neymar, as eventuais consequências em termos de imagem só o afetam a ele diretamente (e terá tido isso em consideração quando aceitou o negócio), no caso de Boaventura Sousa Santos são mais extensos os danos colaterais, que atingem o universo político de que era assumidamente um dos gurus.
Não se vendo como existirá maneira de este professor escapar com leveza ao julgamento público a que está sujeito, é a alegada e tão proclamada superioridade moral de uma certa "esquerda caviar" que se vê arrastada pela lama.
Mesmo sabendo que, se fossem aventuras de outro Ventura a estar nas manchetes dos jornais e na boca do povo, outros galos cantariam, é impossível não perceber a desilusão e o desconforto com que foram recebidas pela Esquerda as notícias de que o "professor estrela" era o seu muito amado e bajulado sociólogo, internacionalmente tão prestigiado.
De cancelamento em cancelamento, ficarei atento aos próximos episódios, aguardando com enorme ansiedade aquilo que nomeadamente as dirigentes do Bloco de Esquerda terão a comunicar-nos sobre este incontornável tema. Até porque, apesar do caso TAP, não é possível que todos os outros assuntos voem para bem longe.
*Empresário