Corpo do artigo
A unanimidade é um conceito raro e diria até perigoso, salvo raras exceções. Agradar a todos é o sonho de muitos, concretizado por muito poucos. A realização da Jornada Mundial da Juventude em Portugal começou por ser um sonho de poucos e a pouco e pouco tornou-se no desejo de muitos, mas graças a Deus não é unânime.
Com a JMJ a acontecer no início de agosto, não é fácil escapar ao tema. Mas também não era esse o meu desejo. Aquele que quase todos consideram o maior evento de sempre realizado em Portugal está a dar os primeiros passos. Como se disse a propósito da chegada do primeiro homem à Lua, pode ser um pequeno passo para o Papa Francisco ou para a Igreja Católica, mas é um grande passo para Portugal e para todos os portugueses que aderiram à iniciativa com grande entusiasmo. Dos responsáveis pela organização até aos participantes que se prevê que ultrapassem o milhão. Todos esperamos que não seja um passo maior que a perna..…
Apesar de ser o tal maior evento de sempre, nem todos os portugueses concordam com a sua realização e alguns mostram-se indignados com o seu custo. Apesar da originalidade do protesto “artístico” de Bordalo II, não é novidade nenhuma que existam protestos e vozes contrárias à realização de um grande evento em Portugal. Para mencionar apenas os mais emblemáticos e um dos mais recentes, também nos lembramos bem das campanhas contra a promoção e os apoios públicos à realização da EXPO’98, do Euro 2004 ou da série de concertos dos Coldplay em Coimbra.
O argumento de que Portugal é um país laico e de que nem todos os portugueses são católicos apostólicos romanos é tão válido como esses outros argumentos de que nem todos os portugueses gostam de futebol, de exposições universais... ou da música dos Coldplay. Nem o presidente da República, que depois de eleito nunca se esquece de querer ser o presidente de todos os portugueses, consegue esse desiderato.
Se quem tem de decidir estas questões em Portugal (e no resto do Mundo) só fosse capaz de tomar as decisões quando não corresse o risco de desagradar a alguém, não teríamos a JMJ a atrapalhar a vida de muitos lisboetas, mas também não sairíamos nunca da cepa torta.
Uma das verdades desta vida é que nunca nada é para todos. Até o sol quando nasce...…