Os futuros núncios da Igreja Católica vão ter de passar por uma experiência missionária de um ano antes de iniciarem a sua carreira diplomática.
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O Papa Francisco escreveu ao presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica - a instituição onde se formam os diplomatas da Santa Sé - a dar conta desta sua determinação.
Nessa carta o Papa recorda as palavras proferidas em 2015 aos alunos da referida Academia: "A missão a que um dia sereis chamados a desempenhar levar-vos-á a todas as regiões do Mundo. À Europa, necessitada de despertar; à África, sequiosa de reconciliação; à América Latina, faminta de alimento e interioridade; à América do Norte, comprometida a descobrir de novo as raízes de uma identidade que não se define a partir da exclusão; à Ásia e à Oceânia, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e de dialogar com a vastidão de culturas ancestrais". Antes de assumirem essa missão diplomática, o Papa quer que eles metam a "mão na massa" e passem um ano em terras de missão, longe dos palácios das nunciaturas.
Desta forma o Papa pretende que os alunos da Academia, para "além de uma sólida formação sacerdotal e pastoral e a formação específica" que ali recebem, tenham "também uma experiência missionária pessoal fora da sua diocese de origem, compartilhando com as Igrejas missionárias um período de caminho junto das suas comunidades, participando na sua atividade evangelizadora quotidiana".
Terão assim um melhor conhecimento das preocupações, dos anseios e dos problemas das pessoas e das comunidades concretas que serão chamados a servir na sua carreira diplomática.
O Papa está convencido "que esta experiência poderá ser útil a todos os jovens que se preparam ou iniciam o serviço sacerdotal, mas, de modo especial, àqueles que, no futuro, serão chamados a colaborar com os representantes pontifícios e, posteriormente, poderão vir a tornar-se enviados da Santa Sé às nações e igrejas particulares".
Por determinação do Papa, este "novo estilo de formação para os futuros diplomatas da Santa Sé" será implementada já a partir do próximo ano letivo de 2020/21. Francisco espera que esta experiência venha a suscitar "noutros sacerdotes da Igreja universal o desejo de se disponibilizarem para passar um período de serviço missionário fora da sua própria diocese".
A partir da Academia, o Papa procura assim promover um dinamismo missionário em todas as dioceses. Promover entre os bispos uma abertura às necessidades de outras dioceses e, nos padres, uma disponibilidade para servir a Igreja onde mais precisem deles.
O Papa Francisco está a reformar a Igreja Católica com gestos muito visíveis e determinações por vezes surpreendentes, como a readmissão dos recasados à comunhão. Outras vezes lança iniciativas tão relevantes como esta, mas que passam despercebidas à maioria das pessoas. Ao fazer com que os futuros núncios adquiram "o cheiro das ovelhas" antes de assumirem essa sua missão, o Papa inclui a sua diplomacia na reforma que está a levar a cabo em toda a Igreja.
Padre