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Os resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 2025/2026 mostram uma quebra de 16,4% no número de candidatos, em comparação com o ano antecedente, que se traduziu num decréscimo de 12,1% do número de colocações no conjunto das Instituições de Ensino Superior, IES. As alterações promovidas pelo Governo em 2023, com efeitos a partir de 2025, aparecem como a causa principal para a quebra acentuada que se verificou, sendo a retenção mais elevada de alunos no Ensino Secundário e os problemas com a falta de alojamento estudantil, associada a dificuldades financeiras das famílias para suportar os custos com deslocações, outras das razões publicamente assumidas por responsáveis do setor, incluindo federações académicas.
Para muitas IES os dados são inequívocos: a principal causa da quebra verificada resulta da alteração do modelo. Durante anos o país vangloriava-se por ter conseguido ter mais de metade dos jovens com 20 anos a frequentar o Ensino Superior, mas de repente tudo mudou. Avisaram atempadamente para uma diminuição de cerca de dez mil candidatos, que se veio a confirmar, com efeitos muito diferenciados entre regiões e instituições, agravando ainda mais os desequilíbrios territoriais. E que o atual Governo, embora não sendo responsável pela decisão inicial, optou por não a alterar.
Esta opinião diverge na análise de outros especialistas, que alertam para as dificuldades sentidas por milhares de jovens na conclusão do Secundário e por isso impossibilitados de prosseguir estudos superiores, sendo a exigência da realização de três exames, suspensa desde 2020 devido à pandemia, a principal variável de contexto que explica a quebra abrupta. Muito mais do que as dificuldades económicas e de habitação, razões defendidas pelas associações e federações académicas. Não podendo existir dúvidas sobre a importância de continuar a aumentar o número de jovens que frequentam o Ensino Superior, vale a pena perceber as razões deste decréscimo e as medidas a adotar para o corrigir.