<p>Que o momento económico é difícil para Portugal e para a generalidade dos países europeus, em especial para aqueles que integram a Zona Euro, todos o sabemos. E - muito embora a economia portuguesa se tenha distanciado do muito anémico desempenho verificado quer na Zona Euro quer no conjunto da União Europeia (UE), uma vez que, em 2009, a nossa economia apenas contraiu 2,7%, face a uma contracção de 4,1% no conjunto da UE - as recentes notícias sobre o crescimento nulo verificado na Alemanha (o motor da economia europeia) e a existência de dificuldades orçamentais na maioria dos países da UE, em particular na Grécia, não podem deixar de inquietar. </p>
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Desta feita - e ainda que este seja o quarto trimestre consecutivo em que Portugal regista melhor desempenho do que a Zona Euro e a UE - em virtude de o Governo ter recorrido a diversos meios para ajudar famílias, trabalhadores, desempregados e empresas a ultrapassar as dificuldades impostas pela grave crise económica que assolou o país em 2009, as perspectivas económicas e financeiras para este ano estão longe de nos tranquilizar.
A verdade é que - se em 2008 o Governo anunciava ter atingido o propósito de consolidar as finanças públicas e defender a Segurança Social - face ao subsequente momento económico, extremamente exigente, desde o final desse ano que se reconhecia que 2009 seria um ano difícil para todos e que, em prol da defesa das famílias (vide o aumento do abono de família e do salário mínimo nacional) e da promoção do emprego, essa afectação extraordinária dos recursos do Estado teria, inevitavelmente, consequências ao nível das contas públicas portuguesas.
Ora, neste contexto - e quando a preocupação geral devia estar voltada para a resposta à criação de emprego e para a retoma económica - é manifestamente despropositado todo o recente alarido mediático criado em torno da suposta "queda do Governo e sucessão de José Sócrates". Acima de tudo porque no momento difícil que o país atravessa, suscitar de forma precipitada uma grave crise política nacional será, sobretudo, de grande irresponsabilidade.