O negócio do bairro do Aleixo nunca teve como preocupação acabar com o flagelo da droga, nem proporcionar melhores condições de habitabilidade às 300 famílias que nele residiam. O principal objetivo foi o de entregar um terreno apetecível, com vistas para o Douro e mar, para construção de habitação de luxo.
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Rui Rio, o autor do negócio, para dourar a pílula, colocou como contrapartida a construção de habitação social disseminada por diversos terrenos na cidade. Já passaram 11 anos desde a assinatura do contrato e 10 sobre a implosão da primeira torre e dois sobre a saída dos últimos moradores. Durante estes 11 anos, para além do desenraizamento de centenas de pessoas, o flagelo da droga mudou-se para os bairros de Pinheiro Torres e da Pasteleira Nova. O fundo imobiliário constituído mudou de mãos várias vezes, entrando em incumprimentos sucessivos, quer nos atrasos da construção das habitações sociais, quer em termos do peso dos privados no seu capital - o que permitiria à Câmara Municipal do Porto requerer a resolução do contrato.
Rui Moreira optou por manter a situação. Agora leva à Câmara uma proposta que, objetivamente, mostra que o que importa é o negócio. Como o Fundo não construiu as casas sociais a que se tinha obrigado, propõe-se indemnizar a Câmara por isso. A Câmara aceita-o. Deste modo, o Fundo poderá iniciar, rapidamente, a construção de habitação de luxo nos terrenos do Aleixo (o objetivo final do negócio!...). Com o dinheiro recebido passa para a Câmara o ónus de construir as habitações sociais previstas para as Eirinhas e para o bairro do Leal... Como Rui Moreira acha que temos habitação pública a mais no Porto, apesar de termos 3 mil famílias a viverem em condições deploráveis, mais vale esperarmos sentados......
*Engenheiro