São 18.00 de domingo e são poucas as certezas sobre o que as próximas horas nos trarão, mesmo sendo certo que quando estiver a ler estas linhas já saberá quase todos os cenários com que o país se depara após este ato eleitoral.
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Comecemos, pois, pelo que os números não devem desmentir: valeu a pena chamar os portugueses a votar. E valeu, por diversas ordens de razões.
Desde logo porque, apesar da forma atabalhoada como o Governo geriu muitas das matérias que envolveram a preparação destas eleições, com especial ênfase para a questão do voto dos cidadãos isolados e confinados - que nesta circunstância representavam quase 10% da população - os portugueses não se eximiram de expressar a sua opinião sobre o futuro do país.
Mesmo que os números indicativos de abstenção às 16.00 não se confirmem (inferiores a todas as eleições desde 2009), a votação será sempre expressiva, demonstrando o interesse com que os portugueses acompanharam este processo eleitoral e não enjeitaram a oportunidade que lhes foi conferida.
Depois, porque o fizeram reconfigurando a composição do Parlamento. Qualquer que seja o vencedor e a margem de tal triunfo, há partidos claramente penalizados, outros que ganham mais protagonismo e houve uma disputa pela vitória "taco a taco", que se considerava impensável há alguns meses.
Nesse contexto, Rui Rio será sempre um dos vencedores das eleições e ganha a confiança interna na sua liderança, que só sedimentou após a disputa recente, e a expectativa externa enquanto peça fundamental do novo xadrez da Assembleia da Republica.
Se vencer, tem toda a legitimidade para reivindicar a oportunidade de governar, mesmo sem uma base parlamentar maioritária estável.
Se perder, já assumiu que garantirá as condições para que o PS (provavelmente mais enfraquecido face a 2019) não dependa das exigências radicais e nocivas ao interesse do país dos partidos à sua (extrema) esquerda nos próximos dois anos.
Um período de tempo em que muitos dos atuais líderes partidários tenderão a cessar funções, o que é também um sinal de renovação e vitalidade democrática sempre bem-vindas.
Ou, pelo contrário, os portugueses fizeram opções que divergiram significativamente de todas as sondagens e estudos realizados, e tudo que leu até aqui não tem qualquer adesão à realidade.
Mas, compreenda, são 18.30 e nem as habituais fugas de informação das sondagens à boca de urna começaram a circular. Vai ser uma noite longa. E animada?
Presidente da Câmara de Braga