Ouço isto muitas vezes cá em casa. E, de facto, é verdade.
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Senti-o com nitidez nestas semanas em que tenho, por razões óbvias, assistido a várias horas de emissão da CNN.
Do emaranhado da discussão política entre os candidatos aos dois primeiros níveis da futura administração americana fica clara uma opção de diferenciação vincada que sendo, naturalmente, tributária do desenho originário dos blocos ideológicos do país, define duas hipóteses distintas de governação. Trump não quer o mesmo que Biden e Biden quer o oposto de Trump. Da saúde à economia, da gestão interna aos negócios estrangeiros.
Este ângulo da propositura traz propósito à decisão de cada um!
Talvez seja esse o propósito que nos falta num cenário político em que, das eleições das CCDR à negociação do Orçamento do Estado, tudo é vagamente parecido, tudo é consensualizável ou vendido...
Noutra dimensão, mas que também nos diz ou devia dizer muito, fica claro como a forma como apresentamos um problema ou contamos uma história impõe o ponto de vista que formulamos.
Falo de uma aposta com 20 anos deste canal de notícias internacional: seguir sistematicamente e contar histórias da vida de muitos países noutros continentes. Por razões óbvias sempre me interessou a rubrica "Inside Africa". Faz vinte anos por estes dias e conta o dia a dia de pequenas e grandes vitórias, de gente grande e de pequenos heróis, de empresas e de escolas, de laboratórios e de métodos tradicionais. De Angola ao Zimbabwe, de África do Sul à Costa do Marfim.
A opção por uma imagem moderna, esperançosa, inovadora, afetiva e jovem deste continente contrasta em absoluto com o tratamento superficial, envergonhado e miserabilista dos, raros, programas com que nos brindam por cá.
O resultado é uma consciência coletiva defeituosa sobre a nossa própria história e o nosso próprio futuro.
E, no entanto, temos cerca de 500 anos a mais de conhecimento e experiência.
Das CCDR, ao Orçamento, da nossa história à clareza das nossas propostas, quando deixaremos de ser fundamentalmente preguiçosos?
Analista financeira