Corpo do artigo
O PS dá-se mal com a competência. Foi notícia que "o Governo de António Costa já nomeou 140 altos dirigentes do Estado, mas apenas 11 foram submetidos a concurso público. Só na área da Segurança Social, o ministro Vieira da Silva decretou 70 nomeações".
A CRESAP, sigla da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública, existe. Tem site e tudo. E como nele se lê, "assegura com transparência, isenção, rigor e independência as funções de recrutamento e seleção de candidatos para cargos de direção superior da Administração Pública e avalia o mérito dos candidatos a gestores públicos".
Percebe-se o problema de quem governa. Intervindo a CRESAP, ter cartão do PS ou de qualquer outro partido não bastará. Tem de se ser competente. Mas quem tenha sido selecionado pela CRESAP, necessariamente por ser competente, simpatizando ou militando noutro partido que não o PS não servirá, porque não é do PS.
A propósito; o presidente da CRESAP é simpatizante do PS. Chama-se João Bilhim e consta da lista da Comissão de Honra publicada no site do partido em 24 de maio de 2010. Sendo que justifica a razão pela qual, intervindo a CRESAP, os "boys" de hoje não são os "boys" de antigamente: "(...) Pelo menos tiveram um selo de qualidade dado por uma entidade administrativa independente, que está proibida de receber ou pedir orientações ao Governo".
Rui Barreira é advogado. Desempenha funções de diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Braga desde 28 de novembro de 2011. Voltou a ser escolhido pelo Governo cessante em 25 de novembro de 2014, depois de selecionado pela CRESAP entre 27 candidatos possíveis. Conhece profundamente o setor. Mas padece do tal pecado capital. Não é do PS e tem mandato até 2019.
O resto, torna-se fácil de perceber. Um ex-presidente de Câmara, dirigente distrital socialista - que nunca passou pelo crivo da CRESAP - fica nervoso. Muito nervoso. Não gosta. Não pode ser. O homem - Rui Barreira, leia-se - não é camarada de quem manda por estes dias.
Conversa aqui, conversa ali, o caso parece bicudo. Mas como que por milagre, o "aparelhes" acontece, no expediente de sempre, já velho e gasto.
A denúncia anónima instrui o requerimento do PCP, que dá lugar ao inquérito, que justifica a notícia, que o diligente assessor de Imprensa distribui, na expectativa de que a demissão se force. Não conhecem a têmpera do visado, que é mais de quebrar que torcer.
Ainda assim, ninguém espere menos deste PS. 140 são poucos, quando a sede é muita. O assalto está em curso.
DEPUTADO EUROPEU