O nosso Governo em Lisboa tem uma novíssima assessora que antes de o ser defendeu um acampamento na Ponte 25 de Abril para protestar contra a falta de habitação. No fundo, essa ideia peregrina tratava de armar uma barraca com muitas tendas para chamar a atenção para a falta de casas.
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A metáfora implícita é divertida e a minha primeira reação foi sorridente. Num primeiro momento a imagem da ponte sobre o Tejo repleta de tendas e tendeiros, com os carros e camiões parados nos garrafões de acesso tem uma graça indesmentível. E traz-nos à memória uma imagem batida de pontes interrompidas com resultados surpreendentes.
Devo dizer que nunca acampei numa ponte, mas já comi uma feijoada na Ponte Vasco da Gama. Com a subtil diferença de que ela só abriu pela primeira vez ao trânsito automóvel no dia seguinte.
Sobretudo quando percebemos que esta ideia do camping saiu de uma cabeça jovem imberbe, ingénua e inocente que aparenta as melhores intenções do Mundo, a graça ainda permanece. Esta perceção surge até alimentada pela informação acrescida que nos dá conta que a dita ativista não hesitou em pedir à Decathlon um patrocínio desta atividade subversiva, através do fornecimento gratuito das necessárias tendas.
Quando a coisa começa a perder a graça é no momento em que sabemos que esta jovem é convidada a colaborar com o Governo. Não para organizar esse prometedor acampamento no tabuleiro da ponte, nem sequer para ir contribuir para resolver esse grave problema da falta de habitação em Portugal, mas como assessora do Ministério do Trabalho. Acreditada por todo um currículo de ativista e empreendedora social. Seja lá isso o que for.
Ouvida sobre o seu novo emprego, a nossa potencial campista de pontes nunca dantes acampadas mostrou-se muito entusiasmada por poder ir continuar a experienciar o seu lado de ativista social por dentro do Governo. Nas suas palavras, era "megaimportante" continuar a sua luta por este novo meio.
Não duvido que quem a contratou esteja igualmente convencida dessa megaimportância, mas vou ficar à espera (devidamente "acampado" na minha cadeira) para ver no que dá esta contratação.
Tenho duas previsões que me dividem. Ou vamos vê-la a "desmontar a tenda "da sua nova assessoria enquanto o Diabo esfrega um olho, ou vamos todos aprender (a começar por mim) as virtudes de ter uma empreendedora social no Governo de Portugal.
Seja lá isso o que for.
Empresário