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No mundo do futebol viaja-se do elogio fácil à crítica avulsa num simples e perigoso clicar de dedos. Roger Schmidt já foi um pouco de tudo, desde uma sumidade tática, um prodígio de confiança e até chegou a ser apelidado de novo Sven-Goran Eriksson por supostamente ter introduzido novos conceitos tal como o treinador sueco fez há 40 anos. O treinador tem uma ideia de jogo muito agradável, levou o Benfica a carburar bom futebol e a somar resultados imediatos numa primeira fase da época, mas quando surgiram os primeiros obstáculos revelou dificuldades para ultrapassá-los. Primeiro, porque o plantel está longe de ter soluções abundantes para determinadas posições e isso explica, em parte, os sinais de desgaste evidenciados por João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos. Mas há outras evidências: David Neres é um dos poucos desequilibradores e estranhamente nem sempre joga; Bah e Grimaldo precisavam de concorrência nas alas; Chiquinho está longe de ser o novo Enzo Fernández.
Depois, porque o treinador alemão tem um princípio de jogo definido e nem sempre consegue criar um plano alternativo de forma a provocar dificuldades nos adversários, quando o resultado tem de ser alterado no decurso das partidas. Em parte, essa inibição podia ser explicada pela falta de profundidade do plantel, mas há outros indícios que mostram como Roger Schmidt está longe de ser um camaleão tático e um bom exemplo disso são as substituições tardias, o que demonstra conservadorismo em excesso e pouca elasticidade de ideias.
Por fim, numa fase da temporada em que todos os pormenores contam e fazem toda a diferença para desbloquear os jogos, o Benfica quebrou em toda a linha em Chaves quando chegou ao fim do jogo com 19 pontapés de canto e foi incapaz de marcar um golo. Será que a falta de confiança explica tudo?
*Editor