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Se a vida é uma corrida contra o tempo, então é necessário aproveitá-lo muito bem. Nada como abrir um texto com aquilo que classificamos como frase feita. Toda a gente a percebe, fará mais ou menos sentido se a inserirmos num determinado contexto. Serve bem para ilustrar os ventos da discussão política em Portugal. Ao caldo dos imigrantes, acrescenta-se a questão da nacionalidade e serve-se tudo em porções bem medidas, que dançam como anémonas na maré extremista. A Direita, unida como nunca, agradece, a Esquerda adormece e o povo absorve o soro. Talvez até comece a ficar convencido de que na imigração está o grande problema do país, o que dá imenso jeito ao Executivo de Luís Montenegro, porque não se fala de saúde, educação e, sobretudo, habitação, quando este é o verdadeiro triângulo da urgência. Com os vértices ignorados, a resolução das grandes dificuldades dos portugueses fica congelada. A imigração, nesta altura, funciona um pouco como o botão “adiar” do despertador do telemóvel. Está na hora de sair da cama, sabemos que é obrigatório fazê-lo, mas clicamos e ficamos a dormir mais um bocadinho. Até pode saber bem, é quase um alívio, mas a única coisa que conseguimos é o atraso que sempre nos obrigará a correr mais ainda, a acelerar o ritmo cardíaco, a decidir sob pressão. Protelar o inevitável nunca foi uma boa estratégia. Quando o Governo adia, atrasa-nos a todos, deixando o país encravado no limbo da espera. Até de felicitações oficiais, com o indispensável elogio da raça, ao campeão do Mundo de “Candy Crush Saga”, o Tiago P., um português de gema.