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Chama-se Sara Winter. É o rosto de um extremismo desprezível, criminoso, fanático. Pior é que anda, por aí, nas redes, a promover o horror e o fascismo, a juntar maníacos e racistas. Sara Winter, principal porta-voz do grupo bolsonarista autodenominado "300 do Brasil" e que gosta de se exibir nas redes de armas nas mãos (fazendo lembrar a personagem Lara Croft, do videojogo Tomb Raider, mas numa versão a roçar o ordinário), já era conhecida por maus motivos. Foi investigada por promover notícias falsas e detida por promover atos antidemocráticos.
Agora, no domingo, mostrou toda a sua insensibilidade. Num ato desumano, divulgou, no Twitter, o nome de uma menina de 10 anos grávida, violada pelo tio e vítima de abusos sexuais desde os seis. Depois, convocou uma manifestação pró-vida junto ao hospital onde a criança está internada, publicando a morada da instituição no Recife, Pernambuco, e um vídeo com o médico responsável pelo aborto, apelidando-o de "aborteiro". Cerca de duas dezenas de religiosos responderam à chamada. Insultaram médicos e acusaram enfermeiros e técnicos de saúde.
A indignação é espelhada nas palavras da apresentadora de televisão Titi Müller: "O tamanho do meu nojo desse pesadelo distópico é indescritível. Uma criança é abusada desde os seis, engravida do pedófilo e agora é exposta e chamada de assassina por prezar pela própria vida numa gravidez inviável em todos os sentidos". O caso é demasiado grave. Retrata um Brasil sem rumo. Mas também despe o disfarce dos donos das redes sociais que, pressionados mais do que nunca, têm tentado camuflar o descontrolo sobre os conteúdos por eles carimbados. E mostra o que está à vista de todos. Extremismos a ganhar adeptos por todo o Mundo alimentados por organizações que recorrem à divulgação de mensagens em massa e com esquemas de financiamento próprios.
Por isso, é preciso encontrar uma fórmula bem mais eficaz do que manifestações de domingo à tarde para combater estes extremistas latentes e preocupantes. Não chegam as boas intenções, até porque sabemos que delas há um lugar que está cheio.
*Diretor-adjunto