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Depois de muito tempo a preparar candidatos está a chegar o momento das eleições presidenciais. A partir de 12 de outubro a agenda ficará condicionada pela chegada do dia 18 de janeiro. Serão cerca de 90 dias de campanha eleitoral cujo objetivo será eleger o homem ou a mulher, que nos próximos cinco anos, será a mais alta figura do Estado.
Enquanto se aguarda por esse calendário, temos assistido ao surgimento de vários candidatos, todos com as suas identidades partidárias. Todos menos um.
Desde as presidenciais de 1986 que o país não assistia a umas eleições tão decisivas. Apresentam-se vários candidatos, da extrema-esquerda até à extrema-direita, apoiados por partidos políticos que procuram impor aqui essa sua mais-valia.
Contudo, existe um candidato que foge desse paradigma partidário, pese embora ter militantes partidários e independentes a apoiá-lo, conscientes de que a Constituição de 1976 refere que são cidadãos que propõem o candidato e não os partidos políticos.
Todos os candidatos, com origem partidária, acreditam que conseguem o pleno na sua base eleitoral.
Um deles pretende mesmo mexer no sistema político semipresidencial que, independentemente de todas as dificuldades, tem evidenciado a solidez da função presidencial. Um candidato que representa a vontade de acabar com um sistema de pesos e contrapesos sem nos fazer compreender o que pretende fazer na sua ação política.
O único candidato que vem responder a um sentimento de mudança da sociedade portuguesa, que considera ser importante voltar a eleger uma personalidade não partidária e que não tenha a sua vida justificada só pelo desgaste da função política, é Henrique Gouveia e Melo.
Aliás, temos assistido, nos últimos tempos, a uma tentativa desesperada e lamentável de procurar diminuir o seu perfil profissional.
Como será possível falar na ausência de experiência política a alguém que nada mais fez do que ter trabalhado de forma publicamente reconhecida, numa lógica de hierarquia, com o poder político? Alguém que conhece bem, por dentro, a importância das funções de soberania do Estado.
Certo é que tivemos presidentes da República com origem partidária, mas todos eles tinham obtido, em várias circunstâncias, o reconhecimento do país.
Hoje, perante um mundo que se apresenta como perigoso, com lideranças erráticas e populistas, nada melhor que um candidato, sereno e tranquilo, que saiba obter votos, em todos os quadrantes dos portugueses, e perceba a importância de uma legitimidade que vá muito para além dos partidos, assente no eleitorado moderado que não pretende um regresso a um tempo de ajuste de contas ou de restrições cegas às funções sociais do Estado.
Henrique Gouveia e Melo tem assim, pela frente, um enorme desafio. Devolver a dignidade institucional à função presidencial e contribuir para cooperar com o Governo, dentro da sua magistratura de influência, e não de uma constante interferência, a fazer as reformas que Portugal precisa e exige.
Para isso precisamos de uma campanha que seja clara para os portugueses, transparente, sem nenhuma agenda escondida e suficientemente pedagógica para que, no final, ganhe a democracia para servir Portugal e não nenhum fantasma cheio de esqueletos esquecidos em algum armário da História.