Cada vez mais assiste-se a uma transferência significativa de compras presenciais para online, e o Natal é um desses períodos.
Corpo do artigo
A pandemia, o desenvolvimento das plataformas digitais, o aumento do uso de smartphones, comprar em qualquer lugar com serviços de entrega em 24h e um marketing fortíssimo, apelando ao consumismo, têm contribuído para a intensificação desta tendência, tornando-a global. Contudo, se numa fase inicial os compromissos de sustentabilidade alicerçavam na redução das deslocações, rapidamente se subverteu este paradigma, pela explosão de fluxos adicionais de trânsito de mercadorias a que a micrologística tenta responder.
Vejamos: no meu prédio, é rara a hora do dia que não chega um correio expresso trazendo uma encomenda. E isto é ininterrupto, porque chegam uma a uma. Agora um livro, logo uma peça de roupa, a seguir um dispositivo eletrónico e depois um sushi. A porta sempre a abrir, estranhos sempre a tocar à campainha, as motos ou os carros a circularem pela rua, para que este serviço online seja tendencialmente quase “just in time”, aliás, o sonho de cada comprador.
Este trânsito global está a imprimir graves problemas nas cidades. Neste Natal, dados confirmam que as compras recaem em cerca de meia dúzia de empresas, tais como a Amazon, AliExpress, Walmart, Apple, entre outras, que tomam conta do mercado, criando as grandes assimetrias económicas, e, consequentemente, sociais.
Será isto sustentável?
É tempo de repensarmos e fazermos as compras de Natal nas lojas das ruas da nossa cidade. Ajudaremos a economia circular, apostaremos em produtos diferenciados e, seguramente, contribuiremos para a melhoria do ambiente e do nosso planeta.