Talvez sem grande surpresa, um pouco por todo o Mundo - mas em especial na Europa - a crise financeira internacional de 2008/2009 vai deixando as suas profundas sequelas. Em países e nas pessoas.
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Por exemplo, dados recentes do FMI revelam que, com esta crise, mais de 30 milhões de empregos foram já destruídos em todo o Mundo, estimando-se ainda para os anos imediatos uma destruição de centenas de milhões de empregos.
De facto, e para além do brutal impacto financeiro - em países europeus como a Islândia, a Grécia ou a Irlanda - a verdade é que nos EUA e na União Europeia (UE) também o aumento da taxa de desemprego (na UE mais visível na Zona Euro, com uma média de 10,1% em Setembro último) tem sido uma constante.
Neste contexto, Portugal não ficou indemne e vive hoje os terríveis efeitos desta crise sem precedentes, em particular, com o aumento do défice que acontece na sequência de, em 2009 e no início de 2010, se terem adoptado um conjunto de medidas de reforço da protecção social dos trabalhadores desempregados e das famílias mais pobres e de se ter lançado um conjunto de apoios ao financiamento das pequenas e médias empresas.
E, em plena fase de convalescença do cataclismo gerado pela crise financeira internacional, a verdade é que o nosso país não se subtraiu ao cerco movido às dívidas soberanas dos denominados PIIGS, elucidativo acrónimo conferido a cinco países da Zona Euro: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha.
Ora, do que os portugueses menos precisavam nesta fase pós-crise era de crispação política e de desviar o sentido do essencial.
Urge compreender que, para além da preocupação em consolidar as finanças públicas, será fundamental consolidar o sentido da retoma económica, conferindo maior competitividade à economia portuguesa e - em prol de uma imprescindível coesão territorial e social - assegurar investimento e desenvolver acessibilidades, aproximando o país do centro da Europa, fortalecendo as exportações e criando emprego.
E, para isso, Portugal precisa de uma visão política patriótica, social e humanista que - salvaguardando as funções essenciais do Estado social - tenha para o país uma ideia de desenvolvimento económico sustentável. Longe, portanto, de uma intervenção externa e puramente economicista.