O que está em causa no início do próximo ano não é só saber qual é o impacto eleitoral do chumbo do Orçamento do Estado no PCP e no Bloco.
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Nem se o PSD, com Rui Rio ou com Paulo Rangel, tira Moedas da cartola, se o CDS ainda consegue respirar sem estar ligado às máquinas, se o Chega cresce muito ou pouco, ou se o dramatismo e o inevitável spam de acusações dos socialistas, que se adivinham, conseguem levar estabilidade governativa à Assembleia da República.
O pior que ponde acontecer ao país é que vingue a tese de que os políticos estão mais preocupados em manter-se no poder do que a desempenhar o seu papel público.
O desinteresse dos cidadãos na vida partidária e na política em geral tem vindo a aumentar um pouco por todo o Mundo e, com isso, conduzido ao poder protagonistas que muitos julgavam improváveis. Hoje, por exemplo, há um que continua a agregar um forte apoio popular e a acreditar numa reeleição presidencial, apesar de lhe serem imputadas mais de duas mãos-cheias de acusações pela má gestão da pandemia no Brasil, entre elas crimes contra a humanidade.
Essa realidade parece, felizmente, longe do nosso país. Mas o ritmo a que essa distância pode ser encurtada é que é preocupante. Os alertas de que os cidadãos procuram outras formas de atuação política porque deixaram de confiar nas tradicionais não são apenas conteúdos despejados nas caixas de comentários das redes sociais. São de instituições credíveis, como, entre outras, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
É neste contexto que a Direita procura reafirmar ou mudar lideranças e a Esquerda entender se terminou, ou não, um ciclo. Mas ambas têm responsabilidades ainda maiores. Evitar que a tática política, a deixar já descaradamente ao rubro quem sente o cheiro a poder, não enfraqueça a democracia.
Diretor-adjunto