Dizia Sophia Mello Breyner que vendo, ouvindo e lendo não se podia ignorar. Conhecesse o futebol português e tinha pensado duas vezes antes de o ter escrito.
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A forma como se trata o trajeto internacional do F. C. Porto, neste país, ao longo dos anos é prova de que é possível ignorar a realidade mesmo quando ela é mostrada em ecrãs gigantes, gritada a plenos pulmões e escrita em letras garrafais. Não preciso de aqui colocar a comparação entre o nosso curriculum internacional e o de todos os outros clubes portugueses, nem me vou sequer maçar em dar o exemplo do nosso trajeto na Liga dos Campeões e compará-lo com o dos nossos rivais. Seria repetitivo para quem tem o brasão abençoado no coração e constrangedor para quem não tem a sorte de o ter. A dura realidade é que o prestígio internacional do futebol nacional a nível de clubes só tem um nome: F. C. Porto. E, claro, por cá toda a gente assobia para o lado para ver se ignorando isso desaparece ou esquece.
Se por um lado até me diverte ver os esforços que os jornais, televisões e autoridades nacionais fazem por não divulgar os nossos feitos e me dá um gozo especial ler e ver o que diz a imprensa internacional sobre nós e constatar o que qualquer pessoas constata quando fala de futebol fora de portas, sei bem que não podemos tolerar essa tentativa de nos apoucar. E não é só por não podermos admitir que os nossos feitos não sejam respeitados, nem para sermos postos no mesmo barco que outros clubes que batem recordes negativos em competições como a Liga dos Campeões. Tem a ver, sobretudo, com a consolidação de uma ideia: somos melhores porque somos mais competentes. E como o somos ganhamos em competições em que os outros têm mais meios do que nós. E desta forma deixar no ar a pergunta: porque é que alguns conseguem resultados cá e não o conseguem no exterior, onde as regras são mesmo iguais para todos?
A subir
O ridículo está em alta. Depois de na semana passada o Sporting ter ganho com um lance ilegal, Varandas armou uma gritaria naquela língua estranha que fala e que se assemelha vagamente a português querendo que fosse validado um lance que rigorosamente toda a gente viu que era ilegal.
A descer
Na maioria esmagadora dos jogos da nossa Liga as jogadas de perigo dos adversários do F. C. Porto vêm de lances em profundidade para trás da nossa defesa e de bolas paradas. Bem sei que o processo defensivo diz respeito a toda a equipa, mas ter centrais lentos e de baixa estatura é pedir problemas.
*Adepto do F. C. Porto
