O Coliseu cada vez mais nosso
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Aconteceu há 30 anos, mas parece que foi ontem. A 4 de agosto de 1995, uma impressionante massa humana mobilizou-se para travar a venda do Coliseu do Porto a um culto religioso. Artistas, populares e instituições diversas reclamaram, em uníssono e com pronúncia do Norte, que aquela sala era um espaço de todos e jamais poderia ter outra ocupação, que não fosse a de um equipamento cultural.
O grito do "Coliseu é nosso!" ecoou por todo o país e o negócio foi mesmo revertido, criando-se um movimento associativo inédito, que perdura até hoje e permitiu manter a grande sala de espetáculos do Norte do país em pleno funcionamento. Livre, eclética e democrática, como nunca poderia deixar de ser.
A Associação Amigos do Coliseu do Porto deu provas de resiliência e coesão. Depois de assegurar a viabilidade do projeto e a sustentabilidade financeira do equipamento, concentrou-se em regenerar a programação, abrindo-se a conteúdos e formatos diversos que trouxeram novos públicos, sem desvirtuar a essência de um espaço de cultura essencialmente popular. Uma sala para toda a região, para todas as idades e para todos os gostos, onde também se construiu uma importante componente de responsabilidade social, com a criação do serviço educativo. Foi essa abrangência que garantiu, em grande medida, a sobrevivência do Coliseu e justificou o esforço contínuo de todos os parceiros envolvidos neste projeto.
Nos últimos anos, a infraestrutura recebeu a notícia que esperava há décadas: a garantia de que as obras de renovação vão mesmo avançar. Com um pacote de três milhões de euros, o Coliseu do Porto vai finalmente ter uma segunda vida, depois da reanimação operada em 95 e da sobrevivência esforçada ao longo das últimas três décadas. Uma prenda merecida, que permite reabilitar a totalidade do edifício, conferir-lhe mais dignidade e valorizar a programação cultural.
Em nome da Associação Comercial do Porto - instituição fundadora deste movimento cívico e apoiante em todas as circunstâncias - felicito todos aqueles que continuam a defender solidariamente o Coliseu e a fazer dele um espaço de referência. A obra de proteger este equipamento nunca está terminada, mas é motivo de orgulho podermos assumir que ele é cada vez mais nosso e tem os melhores anos pela frente.