<p>Elisa Ferreira concedeu, na semana passada, uma entrevista ao JN em que fala já como candidata do PS à Câmara do Porto. As respostas da eurodeputada deixam perceber três coisas: tem um grau de preparação elevado, na medida em que discute as matérias com à- vontade; recusa atacar de frente (pelo menos para já) Rui Rio, o que é uma atitude inteligente; e pretende colocar o Porto no centro de uma discussão que deve alargar-se à importância da Região Norte para o sucesso do país. Por junto, os ingredientes dão um interessante cozinhado. </p>
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A eurodeputada faz, contudo, depender o anúncio da candidatura à autarquia portuense de um convite formal da concelhia socialista. É verdade que os estatutos a isso obrigam. Mas também é verdade que, a dado passo, Elisa Ferreira deixa entender por que motivo isso ainda não terá acontecido. Ao reclamar a "necessidade de um alargamento para uma candidatura vencedora", a eurodeputada está a dizer que não está interessada em ter na sua "lista" uma amálgama de militantes socialistas impostos pela concelhia. Elisa aceita "um núcleo central socialista" (supostamente escolhido pela própria), mas no elenco terão que figurar personagens da "sociedade civil", da Esquerda e da Direita. Em resumo: Elisa quer ditar as regras. E isso é bom ou mau? Depende do modo como as "regras" forem ditadas.
Elisa Ferreira tem uma imagem de rigor e profissionalismo que não estará seguramente interessada em hipotecar por causa dos equilíbrios políticos - e sobretudo partidários - a que as famosas "listas" obrigam. Ou seja: cabe-lhe escolher os melhores para pôr em prática o seu projecto para a cidade (e para a região). Os melhores estão dentro do PS? Alguns haverá. Caso contrário, a eurodeputada ter-se-ia metido num poço sem fundo. O que resta saber é se são os "melhores" que a concelhia está interessada em apontar como candidatos. Por outro lado, Elisa Ferreira não está em condições de esticar a corda até ao limite, porque não pode partir para esta batalha com o partido dividido entre os que estão dispostos a apoiá-la e os que não estão dispostos a simplesmente fazer figura de corpo presente nas comícios e a colar cartazes. Daí a importância do modo como as regras devem ser ditadas.
Uma coisa parece certa: Elisa Ferreira é a melhor candidata que o PS podia ter arranjado para o Porto. Tirando o episódio da candidatura ao Parlamento Europeu, Elisa tem feito tudo certinho até agora. Sucede que vai sendo tempo de conhecermos mais a fundo o pensamento da putativa candidata sobre os problemas do Porto. Dito de outro modo: vai sendo tempo de a concelhia e Elisa Ferreira selarem o acordo. Ou de explicarem por que razão não selaram o acordo.