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A cama está montada para a receção do Vitória ao Benfica. Meio Portugal está indignado pelo penálti assinalado a favor do Arouca. Os mesmos que deitam, agora, fogo pelos olhos na sua escrita e nos comentários, não teriam dúvidas em achar correta a decisão se o penálti fosse ao contrário. Comunicados, juras, fazem parte deste sistema que condiciona. Não bastaria a superioridade financeira e de poder que os três clubes têm, mas é sempre necessário catequizar as massas para desculpar os falhanços e, sobretudo, para condicionar a arbitragem no jogo seguinte.
O futebol em Portugal é assim, sempre o foi. Só isso explica a singularidade planetária de, aqui, ganharem sempre os mesmos.
Acredito que muitos benfiquistas sejam pessoas razoáveis. Que se indignem com as teorias da conspiração em voga. Com o Trump, com o Putin, cuja relação com a verdade é sempre acessória. No entanto, alinham sem despudor na cabala que justifica o resultado negativo. Nunca é por falta de competência. As ditaduras islâmicas têm, ainda, muito a aprender sobre condicionamento de massas. Deveriam fazer formação profissional no campeonato português.
Na cama também estivemos nós. Numa exibição menos conseguida, o Vitória ganhou o jogo através da atenção e capacidade de execução de Gustavo. A sua codícia transformou em oportunidade um lance que muito poucos teriam a capacidade em o fazer. Borevkovic apanhou um amarelo caricato que o afastará do jogo contra o “prejudicado”.
Mas o que interessa, agora, é o crocodilo. Vai ser toda a semana nisto. O costume: a catequização do surreal. Dessa praga já estou, desde que nasci, vacinado.