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Os consultórios médicos tradicionais estão a enfrentar um declínio progressivo devido ao excesso de regulamentação e às exigências desproporcionadas para o seu licenciamento. Esta tendência é preocupante, pois ameaça um dos pilares fundamentais da medicina: a proximidade e a humanização do atendimento clínico.
Os pequenos consultórios médicos desempenham um papel essencial na prestação de cuidados personalizados, permitindo um contacto mais direto e contínuo entre o médico e o doente. A relação de confiança que se desenvolve nestes ambientes contribui para um acompanhamento mais eficaz das condições de saúde, promovendo a prevenção e reduzindo a necessidade de intervenções urgentes. No entanto, as crescentes exigências burocráticas e financeiras tornam insustentável a manutenção destas unidades, levando ao seu encerramento e à concentração dos serviços de saúde em grandes instituições.
A redução do número de consultórios médicos privados sobrecarrega ainda mais o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que já enfrenta dificuldades em responder à procura crescente. Muitas pessoas que antes recorriam ao seu médico de família num consultório próximo de casa veem-se agora forçadas a procurar assistência em hospitais ou centros de saúde sobrelotados, aumentando os tempos de espera e reduzindo a qualidade do serviço prestado.
O Governo deve considerar a proteção do consultório médico tradicional, reconhecendo a sua importância para a sociedade. Medidas como a simplificação dos processos de licenciamento e a adaptação das exigências regulamentares à realidade destas unidades podem garantir a sua sobrevivência e, consequentemente, a continuidade de um modelo de medicina mais humanizado e acessível.
Preservar os consultórios médicos é, assim, uma necessidade para equilibrar o sistema de saúde, aliviar a pressão sobre o SNS e garantir que os cidadãos continuam a ter acesso a cuidados de saúde personalizados e de qualidade.