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O emprego e a sua qualificação são um dos maiores dos desafios a vencer pela região e pelo país, visando a sustentabilidade do crescimento económico e social. Podemos discutir questões de forma, mas não o empenho e foco do ministro da Ciência e Tecnologia neste tema.
A base de conhecimento científico de que dispomos em Portugal tem um potencial de valor económico que está pouco explorado, sobretudo porque existe ainda uma clara falha de mercado no que respeita a investimento adequado nas fases de validação da inovação, seja porque as estruturas de licenciamento de resultados de investigação existentes têm ainda um caminho a percorrer na eficácia da sua ligação com a indústria, seja pela ausência de estímulos para que durante o percurso universitário, professores e, ou, investigadores, dediquem parte do seu tempo de trabalho em ambiente empresarial. É urgente rever os métodos e critérios de contabilização das atividades de I&D, totalmente desadequados à realidade atual. Esta revisão, se bem feita, deve valorizar disposições legislativas que facilitem uma maior valorização curricular às atividades de transferência de tecnologia.
O investimento em formação avançada de recursos humanos aparece como um dos indicadores com maior sucesso em Portugal, resultado do esforço de investimento realizado neste domínio durante os últimos 25 anos. Paradoxalmente, assistimos ainda a um elevado nível de desemprego qualificado, o que significa que são necessárias correções na orientação e utilização do capital humano. Existe hoje um conjunto de recursos humanos de elevada competência que é essencial dinamizar para criação e fixação de riqueza no país. É por isso fundamental incorporar um número muito mais elevado destes recursos, seja por redução do "drain brain", seja por proporcionar o regresso de muitos doutorados com experiência acumulada de trabalho em I+D+i em unidades de I+D e empresas internacionais.
Um Estado que queira proporcionar boas condições de vida aos seus cidadãos e assumir um papel ativo na construção de um Mundo melhor, tem que optar por uma política global de Inovação. Para que tal aconteça torna-se necessário implementar uma cultura que incentive uma atitude diferente das pessoas, valorizando o desenvolvimento da criatividade e da responsabilidade individuais e dos diferentes grupos. É essencial impregnar esta cultura de inovação generalizada na sociedade e as boas práticas da sua utilização.
PROF. CATEDRÁTICO, VICE-REITOR DA UTAD