A comissária europeia Elisa Ferreira veio recentemente alertar para a importância de um bom uso dos fundos comunitários, PRR, Portugal 2030 e outros, no desenvolvimento efetivo de Portugal.
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Segundo esta prestigiada representante portuguesa na CE, é importante prevenir riscos de estagnação que economias como a portuguesa enfrentam nesta fase, recomendando que a União Europeia trace "estratégias mais sofisticadas" contra a "armadilha do rendimento médio". Salientou ainda o dever dos países em aproveitar o melhor possível os fundos do PRR, bem como do próximo período de programação. Alertou para o facto de os chamados países do Sul poderem estar a ficar para trás, salientando o efeito de arrastamento para essas zonas indesejáveis, que os níveis de rendimento muito baixos podem ter, estimulando a adoção de práticas de incentivos e de uma estratégia clara, que lhes permita sair da armadilha de rendimento médio.
Apesar destes alertas, é inegável o efeito que a política de coesão tem tido nos países da convergência, ajudando de forma inequívoca a reduzir as disparidades territoriais e sociais entre as regiões europeias. Mas, para que tal aconteça é cada vez mais decisivo que a aplicação dos fundos estruturais não continue a funcionar, em muitos casos, como uma espécie de "orçamento e estado II", descurando aquele que deve ser o seu princípio mais sagrado, o efeito de adição, uma espécie de suplemento às políticas correntes de uma região, ou estado. É imperativo perceber que não haverá crescimento económico sem criação de valor através do tecido produtivo, sobretudo o sustentado em bens e serviços transacionáveis. A utilização das verbas provenientes de Bruxelas deverá sempre incorporar, nas suas múltiplas dimensões, este fator global do desenvolvimento.
*Reitor da UTAD