Não se sabe qual seria a forma do Diabo em que Pedro Passos Coelho tanto insistiu nos anos que se manteve como líder da oposição ao Governo e à geringonça.
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O Diabo acabou por chegar, não com chifres, mas com corona. Um aspeto que muitos estariam longe de imaginar. O coronavírus mudou a vida no Planeta e Portugal vê-se agora com um inimigo difícil de enfrentar. A 21 de julho de 2016, o então presidente do PSD despediu-se dos deputados do seu partido dizendo para gozarem bem as férias porque em setembro viria o Diabo, referindo-se à proposta orçamental que António Costa teria de entregar. Não veio naquele ano nem nos seguintes. Foi preciso chegar a março de 2020 para que tal acontecesse.
Para além da grande catástrofe sanitária, estamos hoje perante uma economia que regride a passos largos para uma crise nunca vista no panorama nacional e mundial. Andou anos Mário Centeno a bater recordes de boas contas - até fechou 2019 com um "lucro" nas contas do Estado - para agora um vírus com formato de coroa fazer-nos empobrecer drasticamente. Infelizmente, os dados divulgados ontem de execução orçamental serão ainda a ponta do icebergue.
Debaixo deste mar plano de confinamento em que o icebergue mostra apenas as estatísticas dos infetados, já há empresas a despedir, pequenas e médias empresas paradas ou falidas e milhares de milhares de pessoas no desemprego ou em lay-off. E ainda não está contabilizado o que o Estado está a gastar e a não receber, quer por via da despesa, quer pela receita. O mês de março já deu indicações. O excedente orçamental ficou 762 milhões mais curto, as receitas de IRS baixaram 30% e as do IVA estagnaram, mas com tendência para baixarem por causa do travão ao consumo. Já a despesa primária cresceu 6,2% influenciada pelo crescimento da despesa do SNS em 12,6%. Abril será muito pior, pelo que é melhor ir ajeitando a "bazuca".
Editor-executivo