D. António Couto, bispo de Lamego, em declarações à Agência Ecclesia, disse que com as eleições autárquicas "pouca coisa mudará".
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Referiu mesmo, segundo a agência de notícias católica, que "podem mudar os atores mas as coisas continuam a mesma coisa. Penso eu. Penso que isso não muda o Mundo. Pode mudar a vida de alguns eleitos, de uma ou outra pessoa, mas espero que não mude".
E deixou algumas recomendações àqueles que vierem a ser eleitos. Que não se sintam "promovidos", mas que tenham a consciência que são "servos inúteis que não querem ser senhores". Que não procurem "ser servidos", mas servir os seus munícipes. Estas advertências de D. António Couto são inspiradas nas palavras de Jesus sobre o bom servidor (Lc. 17, 7-10).
Na verdade, a realidade da política é bem diferente. Segundo o bispo de Lamego, impera o "eu quero, posso e mando", muito frequente "sejam quais forem as figuras e os partidos".
Estas citações aparecem numa notícia da Ecclesia que refere a entrevista, transmitida pela RTP2 no programa "A fé dos homens", na passada quinta-feira. Curiosamente, as declarações citadas não aparecem na entrevista, pelo que não se pode verificar o contexto em que elas foram proferidas e qual o seu sentido.
Nos tempos que se vivem em Portugal, com os ventos do populismo a soprar, criticar aqueles que têm tido responsabilidades políticas é um risco. Pode dar mais força aos que se apresentam como salvadores da pátria, como se fossem diferentes de todos os outros políticos, ainda que tenham militado nos partidos que agora criticam.
Na verdade, nada garante que sejam diferentes dos que até agora exerceram a política, os quais têm sido sufragados pelas populações em sucessivas eleições livres. Aliás, a avaliar pelos primeiros passos que estão a dar na política nacional, e pelo que já se viu noutros países, até poderão ser bem piores...
A análise de D. António Couto é respeitável, salvaguardando que tenha dito o que a Ecclesia relata. Contudo, generalizar comportamentos a todos os políticos e a todos os partidos não é a melhor forma, nem a mais pedagógica, de aperfeiçoar a democracia.
*Padre