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Se fosse necessário escrever um manual sobre “como enfraquecer a democracia”, a atual realidade seria um excelente guião: as forças de segurança deixaram de ser profissão atrativa, com envelhecimento do seu quadro e decorrente limitação da sua capacidade operacional; depois desta e de outras menorizações e falsidades (que se “implantaram” no inconsciente coletivo), resta destruir as negociações coletivas com os representantes dos profissionais (sindicatos e associações), abrindo assim caminho livre para o surgimento dos movimentos inorgânicos. Por fim, e qual cereja no topo do bolo, premeia-se a justiça espetáculo e as fugas de informação.
Após mais de três semanas de manifestações diárias, de reuniões com partidos políticos, o que tem sido dito ou feito? Todos se apressam a clamar que compreendem, que irão reverter a injustiça, que irão olhar para as forças de segurança. Mas, por ignorância (ou não), todos se esquecem que se trata de um problema estrutural, que pressupõe uma verdadeira tomada de posição de fundo, que ninguém a quer assumir!
Do político espera-se a decisão política e racional, cuja motivação deve ser compreendida pelos cidadãos, devendo assentar na urgência, prioridade e justiça social, pelo que “lavar mãos” e atuar como se a Constituição da República Portuguesa fosse lei morta lesa o Estado de direito democrático e por inerência a democracia.
Porque não há democracia sem segurança e não há segurança sem forças de segurança. É este o único caminho: e não aquele outro onde, para “lavar consciências”, se proclama falsamente a infiltração ou a simpatia por extremismos. Dá jeito, mas não é verdade! Seria bem melhor se, efetivamente, honrassem a democracia!