A diminuição da natalidade e o aumento do tempo de vida médio na Europa têm levado ao progressivo envelhecimento da população e à redução do número de residentes.
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Em Portugal, ao longo da segunda década do século XXI, o saldo total foi quase sempre negativo. O ano de 2019 foi o único em que se registou um saldo total positivo, mas à custa do saldo migratório. O saldo natural foi sempre negativo.
O saldo demográfico natural na União Europeia é negativo desde 2012. A população da Europa, que em 1960 representava cerca de 12% da população mundial, equivale hoje a 6%.
Prevê-se que os estados-membros mais afetados pela crise demográfica serão a Letónia, Lituânia, Roménia, Bulgária e Croácia. A Grécia, Polónia e Portugal vêm a seguir.
Esta tendência terá implicações significativas na educação, economia, saúde e segurança social, entre outros setores.
Neste quadro, a capacidade de atrair e reter talento externo será cada vez mais importante. As instituições de Ensino Superior (IES) terão aqui um papel crucial, que aliás desempenham há muito.
Segundo os dados da DGEEC, o número de estudantes internacionais nas IES portuguesas aumentou 85% na última década. No ano letivo de 2021/2022, Portugal atraiu perto de 70 mil estudantes estrangeiros em todo o país, mais 18,7% do que no anterior. No mesmo ano letivo, 4% dos docentes do Ensino Superior e 15% dos investigadores eram estrangeiros.
Embora enraizadas numa região, as IES atraem talento a nível global, promovendo o enriquecimento demográfico e o desenvolvimento económico e social das suas regiões de influência, e por consequência o desenvolvimento do próprio país.
A crise demográfica não irá afetar todos os territórios de maneira uniforme. Nas regiões de demografia mais pobre, a ação das IES será particularmente importante. Ao contribuir para atrair mais estudantes e fixar profissionais qualificados nessas regiões, as IES estão a promover o crescimento demográfico, a qualificação da população, a economia do país e - igualmente importante - a coesão regional.
Hoje, mais que nunca, precisamos de todas as nossas IES, estejam onde estiverem.
Vale a pena pensar nisso.
Reitor da Universidade de Aveiro