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A sociedade portuguesa é propícia ao pessimismo e a lista sucessiva de más notícias turva ainda mais o ambiente.Pelo impacto negativo previsível de médio e longo prazo, o pódio negativo das últimas horas dá que pensar. Quanto ao alinhamento das três posições, pois, venha o Diabo e escolha.Ainda assim,...a confirmação pelo INE de um recuo nos primeiros quatro meses da joia da coroa da governação trava otimismos. O abrandamento das exportações em maio (menos 3,6% no comparado com o mês homólogo de 2013) em contraciclo ao aumento do consumo interno e consequente desequilíbrio da taxa de cobertura, agora nos 83,8%, indicia estar a estreitar-se um dos poucos canais possíveis para o crescimento da economia nacional, única via através da qual será possível sonhar com um alívio nas cargas de austeridade. Não está fácil de prosseguir o enorme mérito revelado nos últimos anos pelos empresários portugueses na busca de novos mercados.
Turbulência é tudo quanto é indesejável noutro tipo de mercado - o financeiro. Parar as ondas de choque em torno do Espírito Santo Financial Group (ESFG) está a transformar-se numa missão impossível, e com reflexos muito negativos também em alguns dos ativos mais reluzentes em que participa: o BES, logo à cabeça, e, até, a PT. Os temores sobre um tremor financeiro generalizado estão à vista. São mesmo um quebra-cabeças.
O país dispensa bem crises sistémicas, ainda que umas sejam mais facilmente dribláveis do que outras. O caso das participadas pela família Espírito Santo preocupa no imediato, é suscetível de maior impacto nas nossas vidas, mas não mói tanto quanto o cenário mais desastrado colocado à nossa frente: o de Portugal caminhar para a sua extinção pura e simples. Exagero? Assim será, se o processo degenerativo nacional continuar à cadência dos últimos anos. DE SOS em SOS, vale a pena passar das palavras aos atos políticos capazes de inverter a contínua perda de população - e serão precisas várias gerações... Os dados ontem revelados pelo Eurostat a confirmar o envelhecimento e a atribuir a Portugal o primeiro lugar no menor número de nascimentos registados no ano passado não auguram nada de bom. Em 2013, vieram a este mundo 7,9 crianças por mil habitantes e morreram 10,2 portugueses.
Perante um quadro assim, tão pintado de negro, justificar-se--á a dificuldade em encontrar matizes de algum otimismo. Mas vale a pena fazer um esforço para as detetar.
Eis, então, algo de positivo: o sucesso em que se transformou, apesar de alguns estrangulamentos, o programa Erasmus, desenhado a partir de Bruxelas e através do qual se faz um verdadeiro intercâmbio de conhecimento e experiência na Europa. Os dados ontem revelados, respeitantes ao ano letivo de 2012-2013, apontam para quase dez mil estudantes de outras nacionalidades recebidos pelas universidades portuguesas, e mais de sete mil jovens nacionais a beneficiarem de bolsas para adquirirem alavancas de saber em várias partes da Europa. Ao menos neste caso há uma saída da chamada zona de conforto a valer a pena.