O espaço público é público
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É curioso como temos a capacidade de colocar no passado longínquo certos acontecimentos. Não sei se é o que se passa consigo. Mas, no meu caso, a covid-19 parece-me mais afastada no tempo do que realmente está. Lembro-lhe que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a pandemia foi declarada como terminada a 5 de maio de 2023 e teve início a 5 de março de 2020.
Curiosamente, todavia, para a cidade do Porto, a covid 19 ainda não acabou. Não me refiro aos sinais que se mantêm nalguns lugares, com indicação de sentido de circulação e o pedido de manter distância. Refiro-me às esplanadas, mais ou menos improvisadas, que ainda ocupam as ruas e passeios, quando não devíamos estar próximos uns dos outros e se aconselhava o ar livre. Mantêm-se, algumas expandiram-se e, além disso, há novas. Vejam o eixo Almeida Garrett - Ribeira, em especial os extremos, do lado oposto à Estação de S. Bento e na Praça da Ribeira, em Cima de Muro, ou na Rua da Fonte Taurina.
Acontece que se trata de espaço público, ou seja, nosso: meu e seu. Parte dele era usado, há uma década ou mais, pelos automóveis. Ficou para quem anda a pé. Onde, e se adequado, poderia até haver bancos, árvores e espaços para crianças (vejam Oslo, Copenhaga, ...). Cadeiras há, em abundância. Mas, como se percebe que se aumente a dificuldade de circular a pé e, para nos sentarmos com os pés no espaço que é nosso, tenhamos de pagar?
A covid-19 já acabou. Exige-se o direito a usar o que é público: meu e seu; de todos.