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A primeira sessão legislativa da atual legislatura terminou com o debate do estado da nação, surpreendente pela ambiência política que muito se alterou desde o seu início há três meses.
O Governo com o apoio da sua minoria parlamentar PSD+CDS, ganha o debate de forma clara e contundente, marcando o seu discurso pelo trabalho com ritmo intenso, anunciando vários pacotes de medidas e começando a fazer chegar à vida dos cidadãos algumas das medidas concretas que os referidos anúncios enquadram.
Na Oposição, a baralhação estratégica é notória.
No PS falta liderança a Pedro Nuno Santos, falta definição de uma estratégia política clara e percetível pelos cidadãos, assunção do seu papel de líder da Oposição decidindo caminhar pela ansiedade de ir a votos rapidamente, ou de ser um partido responsável por muitos dos problemas do país e que tem de contribuir para a sua solução. Foi importante ouvir a sua disponibilidade para um acordo com a AD para a reforma do Ministério Público e da Justiça: mas esse discurso vai ser consequente com a ação?
O Chega está perdido entre a sua vontade de ir para o Governo e sua dolorosa constatação da crescente falta de uma ambiência de protesto na praça pública, que capitalize o seu jeito para criticar com uma comunicação simples e eficiente, que se lhe reconhecia, e da qual anda arredado, registando-se uma redução notória da presença mediática do seu líder. Das contradições internas na Madeira, que na prática concretizam o apoio do Chega ao PSD para governar, à preparação das autárquicas de 2025 que vão seguramente ser muito difíceis para o Chega, mesmo que consiga congregar alguns descontentes de outros partidos.
Na extrema-esquerda, PCP e BE, reina a luta pela sobrevivência (assim como no PAN) e a triste constatação de que a luta de rua e de classes não vive em tempos férteis.
A IL ainda não tem caminho político consolidado e as suas lutas internas e saídas dificultam o crescimento da credibilidade para poder vir a entrar na esfera do Governo, ou para se afirmar num espaço de Oposição construtiva e diferente das outras.
Fica mais espaço para o Governo e a sua AD, governarem, arriscarem soluções concretas incluindo reformas, conquistarem espaço político para ter mais compromisso dos partidos com assento parlamentar para o diálogo e a negociação, que sempre é delicado para as oposições, como por exemplo no espaço já aberto sobre o Orçamento de Estado de 2025.
A fase que vamos viver agora, no pós-férias, vai seguramente ter dinâmicas fortes na governação, exigindo-se resultados concretos no crescimento económico, na qualidade do funcionamento do SNS e da Escola Pública, mais agilidade da máquina administrativa do Estado que o Governo tem de liderar para que não seja o principal obstáculo para a execução dos Fundos Comunitários do PRR e do Portugal 2030, entre outros resultados concretos de governação positiva que fortalecerá o PSD e o CDS.
O estado real da nação republicana dos portugueses é ainda de expectativa, esperando todos que, a bem da nação, o Governo tenha sucesso em fazer mais e melhor por Portugal, estimulado por uma Oposição com qualidade.
E boas férias para todos/as.