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Os resultados das eleições ao Parlamento Europeu trazem consequências políticas de sinais diferentes, tendo destaque a nota positiva de uma maioria do centro político com 399 dos 720 mandatos, que têm de ser um instrumento forte de governação e intervenção política da União Europeia, no mandato que se vai iniciar.
A vitória clara do PPE, o 2.o lugar confortável do S&D, o 4.º lugar do Renew fazem a coligação que a União precisa, mas que tem de assumir um desempenho político muito mais competente e reformista do que tivemos no mandato que agora termina.
E o trio da coligação não pode deixar de lado o partido que ficou em 3.º lugar, o ECR, muito em especial pela sua liderança na governação de países relevantes como a Hungria e a Itália.
A gestão das preocupações pela situação de alguns estados da União tem na França e na Alemanha cuidados maiores, sendo que o chanceler Scholz segue sólido no poder mesmo depois do seu desastroso 3.º lugar com 14%, enquanto o presidente Macron embrulha a França numa jogada política de alto risco, tentando pelo alimentar do medo da alternativa de extrema-direita, que teve uma expressiva vitória, voltar a ter espaço de sobrevivência política subindo dos seus pobres 14%.
Na semana da cimeira dos líderes europeus para fecharem um acordo sobre os titulares dos lugares de topo das instituições da União, populares, socialistas e liberais têm a responsabilidade de encontrar soluções fortes e capazes de um trabalho de cinco anos com coragem e bons resultados, em especial na gestão dos dossiers mais difíceis para os quais é necessário um acordo sobre os objetivos a cumprir nas principais políticas da União.
Nesses dossiers mais difíceis que a União Europeia tem em mãos, destacam-se:
1. A gestão política, económica, social e militar da guerra na Ucrânia, num quadro de capacitação para que a União seja mais relevante na política mundial, fortalecendo a cooperação política com os seus aliados, nomeadamente os EUA, e apostando no fortalecimento da NATO;
2. O alargamento, com prioridade para os países dos Balcãs e para a Ucrânia, sendo muito importante a entrada de novos países para fortalecer a União;
3. A reforma cuidada da Política Agrícola Comum (PAC), garantindo a competitividade e sustentabilidade da agricultura e o aumento da autossuficiência alimentar;
4. As políticas de transição climática, energética e digital, que têm de ser prosseguidas com o devido equilíbrio que cuide da competitividade da economia;
5. A gestão das migrações, a entrada de estrangeiros que devemos e precisamos de fazer, com humanismo e com regra, e aumentando o investimento na cooperação para o desenvolvimento com os países emissores com destaque para o Norte de África e o Médio Oriente;
6. A reforma do Orçamento com novas receitas que permitam mais investimento nas novas políticas e em políticas clássicas da maior importância, nomeadamente a PAC e a Política de Coesão.
E que seja bem governada a nossa União Europeia.