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Já aqui registei a minha perplexidade, aquando de um início de ano, sobre as intermináveis listas de "material escolar" que os alunos das nossas escolas básicas e secundárias são obrigados a comprar.
De marcadores a cadernos pautados, réguas, esquadros e compassos de marca bem definida, calculadoras, lápis e canetas de escrita grossa, fina e assim-assim, o resultado final de uma turma média dava para iniciar o negócio de uma papelaria fina bem fornecida.
Uma conquista de Abril, já que em 1973, na rural escola de Santa Senhorinha de Basto que eu frequentei, chegavam para aprender um lápis, uma caneta e uma borracha mais uma moderna sebenta de papel de costaneira cosida a linha.
Isto para quem podia tê-la, porque a lousa e o pau de giz ainda se viam por toda a sala de aula.
A este pesadíssimo stock dos nossos atuais alunos, também responsável pelo peso excessivo das famigeradas mochilas, junta-se um diversificado acervo de livros. Já não um, como seria de esperar, por disciplina, mas três. Um livro principal, um caderno de atividades e um outro que muda de nome e de feitio mas que, na maior parte das vezes, não sei para que serve e parece nunca ser usado.
Escusado será fazer as contas ao que tudo isto custa em dinheiro e em saúde osteoarticular das nossas crianças e adolescentes.
Mas o pior, para mim, ainda não é isto. O pior é que os livros são completamente impenetráveis (mesmo o manual principal).
Em vez de se proporem a explicar de forma clara e, de preferência, organizada o plano curricular da disciplina, desdobram-se em textos principais, secundários, fotos, mapas, quadros e textos complementares. Tudo numa sequência aparentemente aleatória, que faz com que a explicação de um dado tema comece numa página e continue três páginas depois
Para piorar as coisas, estes textos e quadros complementares não são coerentes na linguagem nem atualizados nos dados. São, frequentemente, excertos de documentos de planeamento oficiais, que os alunos dificilmente interpretam e reportam dados com dois ou três anos de atraso.
Neste tema da educação no ensino não Superior, custa a acreditar que a política pública não entenda que a clareza e a simplicidade são trunfos básicos para a transmissão de qualquer mensagem.
Ou será que entende e mesmo assim...
ANALISTA FINANCEIRA
